terça-feira, 19 de setembro de 2017

EMBRAER: EMPRESA DE PRIMEIRO MUNDO



Tive acesso recentemente a uma pesquisa que um amigo realizou em São Luís e nela havia uma pergunta sobre o Centro de Lançamento de Alcântara - CLA. Fiquei impressionado com o desconhecimento generalizado das pessoas sobre aquele  Centro. 

Repasso agora o que foi dito sobre o CLA, mas, em resumo, consideram a base inútil e um desperdício de dinheiro. Vejam: “acho que essa base é um elefante branco que fizeram aqui no Maranhão. Não serve para nada”; “eu tô (sic) há 47 anos aqui, meu pai é de Alcântara e eu mesmo não conheço lá”. 

Sem dúvidas cabe ao governo federal a culpa por essa desinformação, pois não à população não é dada a conhecer a enorme importância do programa espacial brasileiro para o nosso desenvolvimento e para a vinda da indústria espacial brasileira para o Maranhão. 

Sobre o ITA há uma compreensão melhor e alguns disseram que será “ótimo”, mas acham que as pessoas acabam não se preparando para passar.

Pois bem, a convite do Ministério da Aeronáutica e da Embraer estive na quinta-feira da semana passada em Gavião Peixoto, município paulista sede da fábrica da Embraer Defesa, uma moderníssima fábrica de aviões para uso militar, como o KC-390 e o Gripen. Este último é o moderníssimo avião de caça que o Brasil comprou da Suécia e que será montado ali com a transferência de tecnologia. 

Essa é a segunda fábrica da Embraer, a outra fica em São José dos Campos e é a mais antiga. Ali são fabricados os aviões das linhas comercial e executiva. 

Tanto São José dos Campos quanto Gavião Peixoto eram municípios pobres de São Paulo quando o Brigadeiro Casemiro Montenegro iniciou, em 1946, sua difícil luta para fundar o Instituto Tecnológico da Aeronáutica-ITA e o Centro Técnico Aeroespacial-CTA, criado em 1950, com o objetivo maior de criar a indústria aeronáutica brasileira. 

A Embraer foi fundada em 1969 como uma sociedade de economia mista vinculada ao Ministério da Aeronáutica. A empresa produziu o avião Bandeirantes, o Xingu, o Brasília e o AMX com a Itália, um caça de combate que ajudou muito o país a absorver tecnologia. Como dependia dos recursos do governo, a empresa estava à beira da insolvência em 1994, na esteira das sucessivas crises econômicas do período. Foi quando o governo Itamar Franco resolveu privatizá-la, o que permitiu com que se tornasse a terceira maior empresa fabricante de aviões do mundo. Isso  transformou e enriqueceu São José dos Campos e Gavião Peixoto, criando um polo tecnológico e de inovação de importância mundial em São Paulo.

Hoje a empresa é uma gigante empresarial que faturou ano passado 6 bilhões de dólares, sendo 55 por cento na Divisão de jatos comerciais, 15 por cento na Divisão de Defesa e 30 por cento na executiva. Ela gasta 450 milhões em Pesquisa e Desenvolvimento, emprega 18,5 mil e 185 mil pessoas, em posições diretas e indiretas, respectivamente. 

Além disso, ela fundou o Instituto Embraer, que possui grau de excelência em ensino e 100 por cento de seus alunos são aprovados em vestibulares, 80 por cento no ITA, USP e outras escolas desse nível. Oitocentos alunos são apoiados pelo Fundo de Bolsas durante a universidade e todos eles fazem questão de devolver os recursos recebidos para dar a oportunidade a novos jovens. Considerando apenas a área de pesquisa e desenvolvimento, a Embraer tem 5,5 mil pessoas trabalhando.

É um orgulho para o Brasil o desenvolvimento de um avião como o KC-390 pela empresa. Um avião de múltiplo uso, principalmente na área militar, um gigante tecnológico, capaz de carregar tanques, helicópteros, tropas paraquedistas, evacuar áreas conflagradas, prestar socorro em situações de calamidades, atuar em incêndios florestais em substituição ao lendário avião Hércules. Isso sem contar que a aeronave é um jato puro, o que permite maiores velocidades de deslocamento.

Dois desses aviões estão percorrendo o mundo e enfrentando todo o tipo de variação climática, o que é necessário para sua homologação. Está prevista que isso ocorra no primeiro semestre de 2018, para que se inicie sua venda comercial. A Embraer espera vender 6 bilhões de dólares, só com esse avião. É impressionante ver sua linha de montagem em Gavião Peixoto.

É essa mesma fábrica que montará o Gripen, caça de última geração em desenvolvimento conjunto com a Suécia, do qual falei acima, e que trará importantíssima transferência de tecnologia com indiscutível benefício para o futuro da indústria aeronáutica brasileira.

Isso sem contar o ITA, que também funciona ali e, como todos sabem, é o nosso maior centro de excelência da área das ciências aeronáuticas. 

Então, amigos,  vejam que o que aconteceu em São Paulo poderá acontecer aqui. Não com a indústria aeronáutica, mas com a indústria espacial, com seu mercado de 330 bilhões de dólares por ano. 

Para isso temos como trunfo o Centro de Lançamento de Alcântara, que será transformado em Centro Espacial Brasileiro. Teremos o “nosso” em parceria com a UFMA e a UEMA. 

Com isso poderemos trazer para cá parte importante das pesquisas espaciais e, sem dúvidas, a indústria ligada ao programa espacial brasileiro. Poderemos trazer também a Embraer Defesa e sua empresa de satélites a Visiona, como bem registrou o ministro da Defesa, Raul Jungmann. 

Enfim, são imensas as possibilidades que temos com o desenvolvimento do programa espacial brasileiro, que é urgente para o país e a nossa população.

Temos que dar valor e lutar pelo que é nosso, pois só assim atingiremos um novo patamar de desenvolvimento.   

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