terça-feira, 7 de outubro de 2008

A Falta que a Frente Faz

Jack Welch, o lendário CEO da GE, empresa gigante dos Estados Unidos, que, por mais de 15 anos foi seu presidente, se notabilizou por ser um grande formador de executivos e de líderes empresariais. Dizia, com sua experiência, que, se um executivo brilhante e líder promissor passasse a ter comportamento arrogante, seria dispensado. Não serviria para a empresa. Ele afirmava que o arrogante achava que tinha todas as soluções, não aceitava troca de opiniões, nem ouvia experiências bem sucedidas de outros executivos. E que tinha respostas para tudo. Assim não servia para a empresa.

Na política também é assim. O sucesso leva alguns a arrogância. E assim passam a saber de tudo, passam a se achar imbatíveis e os outros são apenas coadjuvantes com opiniões tediosas de escutar e ouvi-las é perda de tempo. Só que na política, também os arrogantes são demitidos, mas quem os demite é o eleitor, que está pouco ligando para esses iluminados. Muitas carreiras promissoras e com largo caminho pela frente se apagam com freqüência. É esse o motivo. A arrogância que sobe à cabeça dos incautos e inexperientes que se deixam levar por sucessos momentâneos, achando que vem tudo cair no seu colo sem esforço, é motivo notório de fracasso de muitos na política.

Foi a arrogância de alguns que detonou a Frente de Libertação em São Luís. Alguns por egoísmo e outros por achar que não precisavam de ninguém. Jogamos fora o óbvio, que era a manutenção do que deu certo na mais dura, difícil e emblemática eleição já realizada no Maranhão e vencida pela Frente, em 2006, na derrota de Roseana Sarney. Eu dizia que a Frente não era necessária para vencer as eleições em São Luís, porque o sentimento que tomou conta da população, de liberdade, de democracia, não aceitaria jamais a vitória de um candidato dos Sarney. Para isso, não era necessária a Frente. O que queríamos com a união era completar o processo de transição sem as feridas e as brigas do passado.

Falei ainda sobre o que tinha sido a maior dificuldade para fazer a Frente em 2006. Os maiores obstáculos vieram dos rancores deixados por antigas eleições. Isso tudo levaria à divisão e a falta de união, estopim de tantas derrotas sofridas. Era isso que queríamos evitar. Não conseguimos e o resultado está aí.

Começou com apresentação de diversas candidaturas e brigas já nas convenções partidárias em vários partidos. Essas brigas levaram a traumas nas campanhas dividindo lideranças há anos unidas na luta, com conseqüências ainda não totalmente conhecidas. Isso aconteceu em vários partidos. No decorrer da campanha, viu-se se de tudo. Não contra os candidatos do grupo Sarney, que por serem pertencentes a tal grupo, já entram sem poder de competição na disputa eleitoral. Mas contra os próprios companheiros da Frente de 2006, que passaram a se atacar mutuamente com grande prejuízo para muitas lideranças.

A turma do Sarney, a partir dessa eleição, vai se convencer de vez que ser rotulado como sarneysista é mortal para pretensões políticas nas grandes cidades do Maranhão. É o pior dos insultos. Mortal. Muito pior que os insultos largamente usados nas campanhas por alguns mais desesperados. A debandada no grupo Sarney vai ser grande até 2010, pois o declínio do poder político do clã parece tomar ritmo galopante com a saída de Lula do governo em 2010, quando termina o seu mandato. É impressionante verificar que todos os candidatos do grupo Sarney somados não chegam a 2 dígitos em São Luis. E olha que é a soma dos índices de vários candidatos. Gastão estava com 3% por cento e depois do apoio de Roseana caiu para 1%. Que apoio!

Assim, os ataques mais pesados passaram a ser entre os ex-integrantes da Frente de 2006. São ataques e críticas pesadas respondidas no mesmo tom. Isso é o que restou ao grupo Sarney, que hoje é apenas espectador da eleição de São Luís. E ele, com a esperteza de sempre, tenta se colocar para a imprensa nacional como participante ativo nessas eleições. As notas que povoam a imprensa nacional dizendo que ele está apoiando um dos candidatos são colocadas por ele mesmo para dar a impressão que não é carta fora do baralho, que não consegue mais juntar o mínimo de votos na capital e também nas principais cidades do estado.

Acerta o Dr. Peta do Jornal Pequeno quando diz que Flavio Dino não tem nada a ver com Sarney. Que em sua vida toda, ele e seus irmãos sempre combateram os Sarney e o que eles significavam para o Maranhão. Fez parte ativa da Frente em 2006 contra Sarney. Flavio só perde com esse tipo de apoio. Para que ele precisaria de Sarney? Acesso ao presidente Lula e aos ministros do Palácio ele tem. Assim como acesso livre e simpatia dos dirigentes nacionais do PT. Para que serve o apoio de Sarney? Só para perder votos!

É apenas uma jogada do experiente cacique, que assim coloca o nome dele como ainda importante no jogo político e passa a ser comentado por todos na cidade. Vira assunto. Arranja uma desculpa nacional para a sua falta de importância política na capital. Ele, que já gostou muito da implosão da Frente, luta, com unhas e dentes, para dizer que não acabou seu reinado político no Maranhão.

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