sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Ideli "atropela" negociações

Congresso: Ao lançar candidatura de Tião Viana para a Presidência do Senado, líder petista desagrada à bancada peemedebista e expõe acordo dos parlamentares que estava em curso nos bastidoresLeandro ColonDa equipe do Correio A líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), irritou o PMDB e embolou as conversas para a eleição à Presidência da Casa em fevereiro de 2009. O comando peemedebista não gostou da nota divulgada ontem por ela lançando a candidatura de Tião Viana (PT-AC). Para os peemedebistas, Ideli “atropelou” uma negociação que ainda está em curso nos bastidores.

A vaga é do PMDB, dono da maior bancada no Senado. Caberá ao partido abrir mão e entregar o cargo aos petistas. Um acordo que está sendo costurado, mas ainda longe de um desfecho final. A nota foi divulgada por Ideli num dia de plenário cheio, inclusive com a presença de Renan Calheiros (PMDB-AL) e José Sarney (PMDB-AP), que lideram o PMDB no Senado. O acerto com o PT depende do aval deles. Na nota, Ideli anunciou o “início das articulações” para emplacar Viana e ainda mandou um recado ao PMDB: o partido precisa do PT para eleger Michel Temer (SP) à Presidência da Câmara.

A recíproca, segundo ela, tem que ser verdadeira no Senado. “Não discutimos a importância do PMDB como a maior força partidária no Senado, mas acredito que o PT na Câmara terá seu peso na eleição de Temer e que irá, com certeza, prevalecer o acordo”, afirmou a petista. “Até porque o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), já anunciou seu apoio; é o PT cumprindo sua parte”, finalizou. Ideli se defende da reclamação peemedebista. Argumenta que pegou carona numa postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, na semana passada, pediu aos senadores do PMDB apoio a um nome do PT à Presidência do Senado. Segundo ela, a bancada petista está unida em torno de Tião Viana. “É o nome consolidado entre os senadores do partido”, disse.

Segundo ela, foi o PMDB quem antecipou a discussão sobre a sucessão ao lançar Temer na semana passada. “O processo se antecipou com a decisão do PMDB na Câmara, pois pretendíamos concluir processo eleitoral nos municípios para então iniciar essas articulações”, disse. Xadrez político Ontem, Ideli procurou líderes dos partidos da base de apoio do governo para discutir o nome de Tião Viana à vaga hoje ocupada por Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN). O senador Renato Casagrande (PSB-ES), por exemplo, não colocou obstáculos à pretensão petista. O PTB também deve fechar com Tião Viana. O problema está no PMDB e, principalmente, na oposição. PSDB e DEM não aceitam que o PT, quarta maior bancada, assuma o comando do Senado.

Os dois partidos prometem pressionar os peemedebistas a não aceitarem um acordo para apoiar Tião Viana. Alegam que a eleição na Câmara não pode estar vinculada à do Senado. Por isso, a oposição ameaça lançar um nome caso o PMDB feche com os petistas. Nem que seja para marcar posição. Inicialmente, Sarney e Renan resistiram em ceder ao PT. Os dois não simpatizam com Tião Viana. Só que o apelo do presidente Lula foi considerado fundamental para o sucesso das negociações.

O PMDB não pretende concluir as negociações a curto prazo. Avalia que tem espaço para cobrar politicamente caro pela Presidência do Senado. Ou seja, por enquanto, a partida não passou do primeiro tempo. Tem muito jogo pela frente.

CONVERSA DE CERCA-LOURENÇO. As cartas para a sucessão na presidência do Senado ainda não foram todas colocadas na mesa. O PMDB está em banho-maria. Na bancada, os Senadores Renan Calheiros (AL) e José Sarney (AP) é que estão conduzindo as negociações. Na oposição, tucanos e democratas individualmente são simpáticos ao Senador Tião Viana (PT-AC). Tião anda conversando muito com seu principal oponente.

Comentário do Blog: Como já dissemos aqui, o senador José Sarney está trabalhando como nunca para ser o presidente do Senado. O senador Renan Calheiros, parceiro no jogo, já foi colocado em posição forte como líder do PMDB no Senado. Para Sarney, é a maneira de se colocar no jogo da sucessão presidencial em 2010. O PT sabe disso e começa a tentar uma reação. Vai ser dureza vencer a esperteza do velho senador que joga por debaixo dos panos e dissimula muito.

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