domingo, 30 de março de 2008

AMAZÔNIA: Floresta será mantida em troca de serviços ambientais

Um acordo entre o governo da Guiana e um fundo de capitais britânico permitirá, pela primeira vez, o pagamento pelos serviços ambientais de uma floresta em pé na Amazônia. Uma área de 405 mil hectares será mantida como uma provedora de serviços vitais, como regulação de chuvas, armazenagem de carbono e regulação do clima.

O acordo foi anunciado ontem em Nova York e pode abrir o caminho para que mercados financeiros desempenhem um papel-chave na proteção das florestas tropicais do mundo. A iniciativa segue a oferta extraordinária da Guiana, feita no ano passado, de entregar todas as suas florestas a um organismo internacional em troca de auxílio financeiro ao desenvolvimento. A Guiana tem hoje 80% de suas florestas preservadas.

Hylton Murray-Philipson, diretor da empresa Canopy Capital, que fechou o acordo com a reserva de Iwokrama ("refúgio", na língua macuxi), afirmou: "Como é possível que os serviços do Google valham bilhões e os das florestas tropicais do mundo não valham nada?"

O ano passado foi crucial para as florestas tropicais, porque o mundo reconheceu que o desmatamento é a segunda maior causa de emissões de gases de efeito estufa. A Conferência do Clima de Bali concordou em incluir o desmatamento evitado como medida de mitigação do aquecimento global.

"À medida que os níveis de dióxido de carbono na atmosfera crescem, as emissões passam a ter um custo cada vez mais alto e a conservação passará a ter valor real. A comunidade de investidores está começando a acordar para isso", disse Murray-Philipson.

Comentário do Blog: A Veja da semana passada publicou uma extensa matéria sobre a Amazônia, com o título “A verdade sobre a Saúde da Floresta”. A revista dividiu a matéria em 6 capítulos e colocou duas assertivas no início de cada um: “O Senso Comum” e “A Verdade”.

No primeiro capítulo, o assunto é –Por que preservar a floresta- e o senso comum é que a floresta amazônica é o pulmão do planeta e que se ela desaparecer, o aquecimento global vai se acelerar de forma dramática e a verdade é que as pesquisas recentes mostram que o efeito mais visível do desaparecimento da Amazônia seria o desequilíbrio das chuvas no mundo, com conseqüências muito negativas para a humanidade. No segundo, o assunto era o desmatamento, com senso comum de que o governo garantiu que desmatamento está sob controle; e a verdade, que o desmatamento aumentou seu ritmo em 30% nos últimos meses.

No terceiro, o assunto é - a presença do boi, da soja e a madeira- com senso comum de que não faz sentido derrubar a floresta e substituí-la por pastos e lavouras e a verdade, que em certas regiões da Amazônia a agricultura é irreversível. O que falta é respeito à lei. O quarto capítulo é sobre – a lei e suas conseqüências- e o senso comum é de que é proibido derrubar árvores e quem vende madeira é bandido e a verdade é que o desmatamento é regulamentado em diversas regiões, mas os abusos são constantes.

O quinto versa sobre a ameaça do homem- com o senso comum de que a devastação e os conflitos na região são causados pela ganância dos fazendeiros e a verdade é que vários fatores contribuem para o caos, mas muito do estrago é causado pelo próprio governo, principalmente o Incra que leva assentamento de sem terra para o meio da floresta, o que é errado, e não dá nenhum apoio, além de não deixar o Ibama fiscalizar, criando a sensação de impunidade que leva a derrubada total da floresta.

Esses assentamentos já contribuem com 20% do desmatamento total. Somam 1,3 milhão de famílias nessa situação. A revista mostra que, como o Incra considera a reserva legal de 80% como área improdutiva, os fazendeiros com medo da desapropriação são induzidos a derrubar toda a sua reserva legal. E no sexto capítulo fala sobre propostas para o futuro, com o senso comum de que a única forma de salvar a floresta é proibir a exploração econômica por lá e a verdade é que existem bons planos para aliar a exploração econômica à preservação.

Entre as propostas novas, está o sistema de remuneração para tornar vantajoso conservar a floresta em pé, tema do artigo acima. Outra proposta é proibir novos assentamentos na Amazônia. Outra, é o oferecimento de linhas de crédito especificas para a recuperação e a reutilização de terras degradadas. Uma outra proposta, é mudar a legislação e permitir que sejam plantadas espécies exóticas, como o eucalipto, nas propriedades que desmataram além dos 20%. “Reflorestar com árvores exóticas dá retorno econômico e é tecnicamente viável” diz Francisco Graziano, secretário de Meio Ambiente de São Paulo. Outra proposta é a criação de certificados especiais para produtos originários de propriedades que atuam dentro da lei e observam boas práticas ambientais. Pode ajudar a diminuir o desmatamento ilegal.

O que é mais importante é que o debate está começando para valer e devia envolver segmentos importantes da sociedade, principalmente técnicos e pesquisadores nacionais e internacionais para que o país defina uma política de preservação e utilização da floresta que realmente seja exeqüível.

O tema do artigo acima pode ser muito interessante para algumas áreas selecionadas, principalmente porque possibilita recursos financeiros para tornar presente e eficiente a fiscalização na Amazônia.

Um comentário:

PAULO EMILIO disse...

Ex-governador pode "arrochar o nó" em cima "dos omes". Estamos só esperando a confirmação da sua candidatura, o PDT apresenta o vice, já temos o governador. É só pra "matar eles do coração", daqui a dois anos V. Excelência vai pro senado.
Seu eleitor