Como escrevi na coluna antes da eleição, Roseana Sarney não escondeu de ninguém o desastre que foi o seu governo anterior (quase oito anos em dois mandatos consecutivos). A Secretaria de Planejamento - cujo secretário era Gastão Vieira - publicou em fins de 2009 um trabalho sobre conjuntura econômica e social do Maranhão, calcado em dados do IBGE, concluindo que os anos 90 (governos de Lobão e Roseana) constituíram aquilo que chamaram, no texto do trabalho, de década perdida para o estado. E que isso só mudou entre 2002 e 2007(meu governo), quando o Maranhão passou a crescer mais que o Nordeste e o Brasil,melhorando todos os indicadores sociais do estado.
Noticiei o fato, ressaltando que, assim, de certa forma, todos foram avisados por ela própria de que poderíamos ter nova década perdida nos próximos anos, caso ela conseguisse a reeleição. Uma constatação indireta, mas factual. Portanto, a princípio, quem votou nela não poderia reclamar depois.
E ela não está decepcionando. É com incrível competência que ela exerce com grande incompetência o cargo de governadora. Ela se supera totalmente. Olha que não deve ser fácil fazer tudo errado!
Roseana e seu grupo conseguiram anular tudo o que foi construído de bom entre 2002 até 2009 e com enorme rapidez. O Maranhão, que foi elogiado pela Secretaria do Tesouro Nacional no final do meu governo, em 2006, pelo excelente trabalho feito para chegar ao equilíbrio fiscal e pela recuperação da capacidade de investimentos, jogou tudo isso fora nesses dois anos de Roseana Sarney. A relação exemplar com fornecedores e empreiteiros daquele tempo, o ambiente de harmonia com servidores de qualquer categoria, que recebiam seus salários e bônus nos prazos estabelecidos, com funcionamento pleno e correto de todas as secretarias de estado, foi trocado por um tempo de balburdia e insegurança.
Para ganhar a eleição quebraram o estado. Hoje não há dinheiro para nada, nem para comprar papel higiênico. Tudo está parado e nada funciona. O caos se instalou na administração publica estadual. Os hospitais estão, em sua maioria, fechados. Os 75 novos hospitais, cuja entrega em prazo limite até o final do ano foi prometida pela governadora à população durante a campanha, nem se ouve mais falar. Os repasses estão atrasados e os terceirizados não são pagos. Na educação acontece a mesma coisa e, por falta de pagamento do transporte escolar, os índios guajajaras, depois de muito reclamarem, resolveram fazer um bloqueio na BR 226, entre Grajaú e Barra do Corda, que interrompeu o tráfego nessa rodovia vital para a economia do Maranhão e trouxe grande tensão e violência, com feridos e sangue derramado. Foi necessária a intervenção do governo federal, em socorro ao estadual para resolver o problema.
E por aí vai. Na segurança, a falta de apoio e de recursos é muito grande. A rebelião ocorrida na Penitenciária de Pedrinhas, que resultou em 18 mortos, é apenas a ponta do iceberg. Para resolver o problema, novamente houve a necessidade de apelar ao governo federal e nesse caso quem resolveu mesmo foi um pastor evangélico, mostrando que estamos naquela de “seja o que Deus quiser”. Por incompetência, o dinheiro para fazer a penitenciaria de Pinheiro não foi usado e foi retomado pelo governo federal, contrariando a promessa do governo de fazer mais penitenciarias.
A onde está refinaria que estava em execução? A presidente eleita já disse que isso é coisa para sete anos ou mais. Empregos, então, só depois...
O gás de Campinzal que foi descrito como uma jazida de proporções bolivianas e que iria mudar a economia do estado também sumiu. Lula nem veio, embora o fato tenha sido anunciado ostensivamente. Onde está o gás?
Agora vejam que um estado quebrado e falido em consequência direta das práticas do governo de Roseana não é nada animador. Parece que estamos voltando aos anos 90, quando aqui só se fazia alguma coisa quando o governo federal botava o dinheiro. Conseguir esse dinheiro é função para o senador José Sarney, que, nesse panorama, já não pode abrir mão da presidência do Senado. Triste repetição da história de dependência da oligarquia...
E o que faz Roseana? Para mudar a atenção da crise governamental, ela demite o secretário da Educação. Com isso o assunto dominante passa a ser a relação com o PT e em seguida vem o anúncio de que a governadora está recolhida em concentração, pensando em uma grande reforma administrativa revolucionária.
Como se reforma administrativa (que já fez no passado com grande alarde) resolvesse alguma coisa...
Por fim, afirmo que não quero dizer que esse quadro não possa ser mudado e que tudo está perdido. Mas esse final de governo, com o caos instalado na administração pública, é desanimador.
Só chamando o pastor...
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