A eleição de Roseana Sarney ameaça trazer um efeito colateral perverso para muita gente, pois o estado não está mais pagando, nem os seus fornecedores e tampouco o pessoal terceirizado e se isso perdurar pelo resto do ano, muita gente vai passar o natal mais modesto. Se os fornecedores não receberem, eles também não poderão pagar as suas dívidas e então o problema virará uma bola de neve. Espero que encontrem urgentemente uma solução...
E nesse panorama, o de um Maranhão que se enclausura sob o manto governamental, a verdade é que questões que tem preocupado o mundo inteiro parecem que estão totalmente ausentes das preocupações maranhenses. E esse é o mote deste artigo. Falo agora de questões ambientais. Até parece que nada está acontecendo. O ruim é que muita coisa vai se impondo: a biodiversidade que vai sendo modificada rapidamente, e de forma planetária, a escassez de água como realidade em muitas regiões do mundo, o aquecimento global etc., em meio ao alheamento de quase todos. E no Maranhão não é diferente.
Há muitos indícios de que estamos entrando em uma nova era em termos climáticos. E o grande vilão da história é a emissão de dióxido de carbono (CO2), também conhecido como gás carbônico. As conclusões do Painel Intergovernamental da ONU sobre as Mudanças Climáticas em seu relatório de 2007 demonstram que as medições realizadas tiram qualquer dúvida, definitivamente, acerca do fato de que o aumento de dióxido de carbono na atmosfera verificado nos últimos cinquenta anos provém de carbono liberado pela queima de combustíveis fósseis.
Sabemos que o aumento de CO2 vai alterar o clima, pois em 670 mil anos, todas as vezes em que o nível de CO2 se elevou, as temperaturas se elevaram. E todas as vezes em que o nível de CO2 caiu, as temperaturas também caíram. Portanto, dizer que o CO2 acrescentado pelo homem não constitui um problema é apostar contra 670 mil anos consecutivos de dados e esperar pela sorte...
Em 1750 e durante 10 mil anos o planeta Terra tinha aproximadamente 280 partes por milhão (ppm) de CO2 em sua atmosfera. Hoje esse número já é de 384 ppm. A única explicação possível para uma diferença tão grande em período tão curto de tempo seria a emissão de gás carbônico produzido pelo uso industrial de combustíveis fósseis por parte da humanidade, assim como pelo desmatamento ocorrido desde o início da revolução industrial.
O que sustenta a vida e nos defende das mudanças climáticas que estão ocorrendo é a biodiversidade. Quando falamos a respeito de preservação da biodiversidade, o que isso inclui exatamente? A definição oferecida pelo dicionário Biologyreference.com explica a biodiversidade como “a soma total da vida na Terra; o conjunto total de biomas e ecossistemas, e as espécies que nele habitam - plantas, animais, fungos e micro-organismos - inclusive seus comportamentos, interações e processos ecológicos. A biodiversidade também está vinculada diretamente a componentes não biológicos do planeta - atmosfera, oceanos, sistemas de água doce, formação geológica e solos - que formam um grande sistema interdependente: a biosfera”.
A Conservação Internacional, um organismo mundial que estuda assuntos voltados à biodiversidade, estima que os cientistas já descobriram e descreveram até os dias de hoje 1,7 a 1,8 milhão de espécies de plantas, animais e micro-organismos. No entanto, os mesmos cientistas acreditam que esse número pode chegar a pelo menos mais de 100 milhões de espécies que simplesmente ainda não identificamos, pois estão ocultas embaixo da terra e dos oceanos, ou em regiões remotas. De oitenta a noventa espécies de primatas foram identificadas nos últimos 15 anos, o que significa que 15 a 20% de todos os primatas foram descritos pela ciência apenas neste período.
Daí a necessidade de um “Código Verde”, que precisa incluir tanto uma estratégia para a geração de energia limpa - de modo a mitigar as mudanças climáticas e seus efeitos no clima, nas temperaturas, nas chuvas, no nível dos mares e nas secas - quanto uma estratégia para a preservação da biodiversidade do planeta, para que as espécies de plantas e animais que sustentam a vida não venham a ser destruídas por nós. As mudanças climáticas, pelas conseqüências que suscitam, têm uma importância crítica e estratégica, mas a perda da biodiversidade poderá, tanto quanto a primeira, desestabilizar a capacidade de nosso planeta em sustentar os sistemas vitais. É por isso que a edição de um “Código Verde” como marco legal para o futuro deverá necessariamente enfocar tanto a geração de um novo tipo de energia quanto a preservação do mundo natural.
Sem governos extremamente atentos ao uso das terras e capazes de refrear as pressões do mercado global, as crescentes demandas podem simplesmente devastar as últimas florestas e os últimos bancos de coral ricos em biodiversidade - o que tornaria o mundo mais quente, pois o desmatamento responde por 20% de todas as emissões de gás carbônico.
Mais especificamente, as emissões carbônicas provenientes do desmatamento são maiores que a soma das emissões de todo o setor de transportes do mundo - todos os automóveis, caminhões, aviões, trens e navios combinados. Ou seja, menos cobertura florestal significa menos hectares disponíveis para diversas espécies, que se veem forçadas a mudar e a se adaptar. As que são capazes de fazer isso sobrevivem; as que não são, acabam extintas. É uma equação simples e implacável que define um mecanismo natural que sempre existiu - só que está acontecendo com rapidez nunca vista.
Eis porque precisamos de uma poderosa ética de sustentabilidade. É preciso haver limites para a extensão de nossos avanços sobre o mundo natural. Este artigo foi baseado no livro “Quente, Plano e Lotado” do premiado jornalista Thomas Friedman, autor do também excelente livro “O Mundo é Plano”. Voltarei ao assunto.
E por fim, parece que então descobrimos quem quebrou o estado: foi Flávio Dino?
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