terça-feira, 28 de outubro de 2008

Ensinamentos

Passada a eleição para prefeito em todo o Brasil, fica o ensinamento decorrente do processo eleitoral. Vejo matéria do jornal Estado de São Paulo, analisando São Luís e o título é: “Acaba a Frente De Libertação Comandada por Lago”, fazendo a interpretação política do processo eleitoral que se encerrou domingo passado. Na verdade, uma acirrada disputa no segundo turno, em que Castelo foi eleito com 271. 014 votos contra 214. 302 de Flavio Dino.

Castelo ,com apoio de Duda Mendonça, conseguiu driblar os obstáculos que o derrotaram 5 vezes, uma para governador do estado, uma para senador e três para prefeito de São Luís. Vai iniciar seu governo em meio à crise econômica global que, no país, tem seu lado pior na escassez de crédito que nessa conjuntura pode levar a queda de arrecadação na administração municipal, estadual e federal. Vai, assim, precisar de um controle rígido de gastos, muita austeridade fiscal, de muito diálogo e paciência para enfrentar as turbulências iniciais. Já foi governador, tem apoio de Jackson Lago e pelo número de enfretamentos que já teve mostra que tem garra para enfrentar os grandes desafios que virão. Desejo-lhe êxito na difícil jornada.

Flavio Dino surpreendeu favoravelmente e se consagra nessas eleições com 44% dos votos. Começou praticamente do zero, com um nível alto de pessoas que diziam não conhecê-lo. Contrariando as pesquisas, chegou ao segundo turno e sai consagrado com mais de 214 mil votos. É realmente uma nova liderança que vem ajudar a renovar a política no estado aumentando as opções para o eleitor. Se posiciona firmemente como um novo interlocutor político credenciado pela enorme votação que obteve no estado para deputado federal e, agora na capital, que tem um eleitorado exigente e politizado. Tem tudo para aspirar vôos altos na política maranhense. Fez uma campanha pobre, sem marqueteiros famosos e teve atuação espetacular no debate final, mostrando amplo domínio dos assuntos municipais. Recebeu combate duro, inicialmente dos partidos da esquerda mais radical e depois perdeu muito votos, porque não conseguiu se desembaraçar, a contento, da pecha de ser apoiado por Sarney. O que na verdade é um absurdo que contraria toda a sua trajetória de vida. Enfim, aprendeu muito, e será mais resistente no futuro. Saiu muito maior do que entrou na campanha.

Voltando a matéria do Estadão, isso era tudo que queríamos evitar. Torna-se prioridade número um tentar a conciliação, senão correremos o risco de irmos também desunidos para as próximas eleições. Não será fácil.

Cesar Maia, no seu blog, transcreve do livro de Tomas Holbrook intitulado "AS CAMPANHAS SÃO IMPORTANTES?" alguns ensinamentos para os candidatos. No momento em que se encerra a eleição de prefeito, é interessante verificar, em face do que aconteceu, se os candidatos se enquadraram nas observações do autor, expostas no seu badalado livro. Eis alguns trechos:

1. Como o valor da informação diminui com o aumento do volume de informações, os eventos que acontecem no início do período de campanha têm um potencial maior de influenciar os eleitores do que os eventos que ocorrem na parte final. "Lei" do rendimento decrescente das informações.

2. A opinião básica sobre os candidatos não vai mudar na fase final.

3. Os partidos na campanha não são fonte de informação. A campanha é centrada no candidato.

4. O eleitor conservador é mais constante que o de esquerda.

5. Os últimos a decidir (indecisos) não tendem a votar no candidato do governo.

6. Regra básica: nunca pise em sua própria história.

7. Debate só tem importância em disputa muito acirrada.

8. Expectativa de quem vai ganhar pode influenciar indecisos na reta final.

Para quem se interessa por política e o que pesa na decisão do voto do eleitor o livro “A Cabeça do Eleitor” merece ser lido. O seu autor é Alberto Carlos Almeida, professor universitário, jornalista do Valor Econômico e dirige o Instituto Análise, que realiza análise de dados e pesquisas para o setor público e privado. No livro, ele faz uma comparação interessante entre o nosso sistema eleitoral e o dos Estados Unidos. Mostra que as prévias partidárias que existem na legislação americana igualam a disputa eleitoral, pois tornam igualmente conhecidos todos os candidatos já nessa etapa.

Aqui isto não acontece e as disputas se caracterizam pelo desequilíbrio inicial entre os que já tiveram mandato, mais conhecidos, e os e os disputam pela primeira vez. Já tratei disso em um artigo em que mostrava que o futuro presidente dos EUA, Barack Obama, só foi viável como candidato graças a essa fantástica e democrática prática.

Mas o mais importante fato dessas eleições é o enfraquecimento brutal do clã Sarney. Ser apoiado por eles é derrota certa. Isso está mais do que comprovado!

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