Só quem não conhece os métodos ou não sabe do desespero do grupo Sarney acredita nos jornais e demais meios de comunicação de sua propriedade e no que está por trás da violenta campanha contra Jackson Lago.
O senador José Sarney sabe que trava suas últimas batalhas. Uma no front interno, no Maranhão, e outra no front externo em Brasília. Para ele, as duas significam adiar o desfecho que levará ao encerramento do ciclo de poder político que durou 40 anos no Maranhão. A derrota de 2006 e, em seguida, a de 2008, tirou as ilusões que restavam.
Como continuar depois dessas duas derrotas que trouxeram em seu bojo a mensagem de que o povo do Maranhão perdeu o medo e repudia tudo o que se entenda como dar poder à família Sarney? Sem poder no Maranhão, fica difícil manter o poder em Brasília, a despeito de amizades e relacionamentos pessoais, por mais fortes que sejam. É próprio da política fazer festa e dar prestígio apenas para os vencedores.
Como não tem mais esperanças de conseguir o poder pelo voto, eles só enxergam um caminho: a total radicalização, exacerbada pela irresponsabilidade própria daqueles que não conseguem ver outra saída senão o “quanto pior, melhor”.
Nunca vimos no Maranhão, a não ser durante a greve de 1951, um clima tão tenso no estado. Os jornais da família carregam nas tintas, tentando colocar no governador Jackson Lago a culpa pelo terrorismo que eles fazem, incentivando a confusão. A história está cheia de jogadas como essa, em que os que disseminam o terror, jogam a culpa nas suas vítimas, que ,acostumadas a jogar limpo, custam a reagir.
Nos dois fronts o objetivo é obter poder. No Maranhão, o que começou com a tentativa aloprada de cassar o mandato do governador, foi acrescido do desejo de mudar o resultado do pleito em municípios importantes para entregar a políticos derrotados, mas fiéis à família. Assim, resultados legítimos estão sendo mudados e daí para a revolta é um passo. Se roubar um resultado de um jogo de futebol pode levar a grandes revoltas, imagine o resultado de um pleito municipal, cuja população sabe quem é o legítimo vencedor. Esse clima de insegurança, sem paralelo em nossa história, culmina com o poder atribuído isoladamente a um juiz, que pode cassar, reiteradas vezes, um prefeito eleito e impor um resultado que tem levado amigos meus, que ainda mantem relações com a família Sarney, a reclamarem que “está demais”.
Eu jamais defenderei atos de violência, mas esse estado de coisas está levando a um acirramento de lados que não pode resultar em nada construtivo. Jackson Lago, mesmo acossado pela terrível campanha que o ameaça dia e noite, mantem a serenidade e está se comportando como um homem de formação superior frente aos treslocados, irresponsáveis e desesperados adversários. Ainda bem. Se fosse um homem com um temperamento do ex-governador Nunes Freire, as coisas já teriam pegado fogo. Parabéns, governador, pois seria formidável para eles acusarem-no de radicalizar uma situação e jogá-lo contra a opinião pública nacional.
No final dessa história, tudo isso só servirá mesmo para aumentar a rejeição da família e apressar o seu final político.
No plano nacional, o senador Sarney está tão radical que está desafiando o seu grande benfeitor, o presidente Lula. Está totalmente convencido, e não é de agora, que, se não conseguir ser o presidente do Senado, estará fora da sucessão em 2010. E aí será a sua morte política. O presidente, conforme o noticiário, já perguntou mais de uma vez a Sarney se ele queria ser o presidente do Senado e recebeu sempre resposta negativa. Ele sabe que não controla a ala do PMDB da Câmara, que é muito ligada a Michel Temer, e não abre mão de presidir aquela Casa, aliás, com a concordância do PT.
E sabe também do acordo entre o seu partido e o do presidente, cujo objetivo consiste no PT assumir a presidência do senado, já que Lula não seria tão negligente a ponto de deixar o PMDB presidir Câmara e Senado ao mesmo tempo. O preço a pagar seria muito alto. Sarney sabe que virá guerra e sabe muito bem que essa guerra vai ser suja e que ele certamente sofrerá muito com o que virá em seu conteúdo.
Nesse panorama, dissimula como nunca, faz malabarismos de causar inveja a um contorcionista, conversa como nunca, tentando um consenso que se mostra impossível de acontecer.
Mas ele não tem tempo, tampouco campo de manobra e está determinado a enfrentar a tempestade. Vai ao extremo da imprudência, desafiando Lula e o PT. Quem sabe quantas promessas ele está fazendo aos senadores e aos partidos? Se conseguir, Lula pagará um preço muito grande e ficará difícil governar. Entre outras coisas, ele usará a presidência do Senado para livrar a família dos processos em andamento na Polícia Federal e também para ir para cima do TSE, aumentando a pressão para cassar o governador Jackson Lago. É tudo que ele quer, além, é claro, de se colocar bem politicamente na sucessão de 2010.
Para isso, ele fará um movimento nesse tabuleiro, objetivando colocar Renan Calheiros como líder do PMDB. E nessa direção, já conseguiu o “nada contra” de Lula.
É muita coisa para ele desistir da empreitada. Mas pode apressar o seu fim!
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