terça-feira, 31 de março de 2009

Entrevista concedida a O Imparcial edição de 29/03/2009

O Imparcial: Considerado como um dos estrategistas da Frente política que derrotou nas eleições de 2006 o grupo Sarney, o ex-governador avalia que a união é fundamental para manter a direção do governo

“Temos que estar unidos em 2010”

“Na minha avaliação, caso o Supremo decida por uma eleição indireta o grupo Sarney perde a última chance de retornar ao poder no Maranhão”

“Sarney sabe que o jogo não está decidido. A preocupação dele é com a rejeição do grupo e da Roseana, tanto que ele pegou os marqueteiros da Pública”.


O ex-governador José Reinaldo Tavares é visto como um “ingrato” pelo grupo Sarney no qual militou durante várias décadas. Para os adversários do grupo, ele é o arquiteto da composição de forças que motivou e chegada da oposição no comando do Estado em 2006. Nesta entrevista, José Reinaldo fala sobre o processo de cassação do governador Jackson Lago (PDT), revela bastidores do seu rompimento com o grupo Sarney e analisa os possíveis cenários para as eleições de 2010.

O IMPARCIAL - O senhor considera justa a cassação do governador Jackson Lago?

José Reinaldo Tavares - Eu acho isto uma aberração. O Tribunal Superior Eleitoral aplica medidas diferentes de acordo com a pessoa que está sendo julgada. O parecer do vice-procurador eleitoral do Ministério Público, o mesmo do caso do Jackson, relativo ao processo que pede a cassação do governador de Tocantins, recomenda eleição indireta para definir quem fica no cargo. Como se vê cada caso tem um desfecho diferente. Aqui foi mandado dar posse ao segundo colocado. Lá foi recomendado fazer nova eleição, como aliás está na Constituição. No caso do governador de Santa Catarina, este mesmo Procurador Eleitoral pede a improcedência da ação contra ele. Eu que conheço o processo penso o mesmo que foi dito por alguns ministros durante o julgamento que não viram nada de irregular naquele vídeo exibido. Além do mais, não havia nem candidato naquela ocasião.

O IMPARCIAL - Com experiência por ter participado de diversas campanha, o senhor acha que houve em 2006 realmente fatos diferentes de campanha anteriores?

José Reinaldo Tavares - Naquela campanha não houve nada de diferente. O ministro Rezek disse isso. As campanhas são assim no mundo inteiro. Todas as campanhas passadas foram feitas do mesmo jeito. Por que foram feitos os convênios? Porque precisávamos aplicar 12% dos recursos destinados à Saúde e à Educação. Durante o governo de Roseana nunca chegou-se a aplicar nem 3% dos recursos destinados a Saúde. E só vimos uma maneira de fazer isto através da parceria com as prefeituras. A maior prova de que tais convênios não tiveram influência no resultado das eleições é que onde a Roseana perdeu em São Luís e em Imperatriz, não foram feitos convênios. Além disto, o Sarney ainda trouxe o Lula aqui em plena campanha para prometer muita coisa e pedir votos para Roseana em um palanque. A eleição de 2006 foi a expressão da vontade do povo do Maranhão de se livrar do grupo que atrasou o Estado durante 40 anos. Ninguém agüentava mais a prepotência e arrogância deste grupo que nada fez pelo Estado e os dados mostram que o Maranhão em 2002 era o último Estado da federação, o mais pobre, o mais abandonado de todos os estados.

O IMPARCIAL - O senhor fez parte do grupo do senador Sarney durante muito tempo. Era considerada uma das mais próximas. Hoje, ele e outros integrantes do grupo dizem que o senhor é um ingrato. Como avalia tal comentário?

José Reinaldo Tavares - Esta é a maneira de Sarney tratar todo mundo que larga seu grupo. Ali não é uma seita. Ali não é um grupo messiânico que todo mundo tem de fazer um juramento de sangue. Eu acreditava que o Sarney, quando foi governador, estava ali para mudar o Maranhão e isso não aconteceu. Qualquer pessoa que estuda o Maranhão percebe que isto é uma realidade. Tanto que eles nunca conseguiram nem discutir este assunto, eles sempre tentam desacreditar quem afirma tal fato com acusações de traição, por exemplo. Roseana esteve no governo durante oito anos e o que ela fez? Ela acabou com a secretaria de Agricultura, em um Estado pobre em que metade da população depende da agricultura familiar. O resultado é que fomos lá pra baixo na produção de alimentos. O dado mais dantesco é que não tinha ensino médio em 159 municípios. O problema do Maranhão não é a falta de emprego, mas o baixo valor dos salários pagos. Como as pessoas têm uma escolaridade média muito baixa a remuneração é muito baixa. Os jovens neste caso não podiam nem participar de concurso público nem ir para a universidade. A escolaridade média do Maranhão quando Roseana saiu era de 4,2 anos. Isto quer dizer o seguinte: maranhense na média não tinha nem concluída a 1ª etapa do ensino fundamental.

O IMPARCIAL - O senhor acabou rompendo com o grupo Sarney, quase dois anos após eleito. O que motivou a sua saída?

José Reinaldo Tavares - Como já disse antes eu não participava de uma seita, e sim de um grupo político, onde ninguém fez juramento de fidelidade. Um grupo político é uma soma de desejos, de aspirações. O que aconteceu foi que a Roseana começou a me hostilizar. Ela dizia abertamente que eu não agüentaria 30 dias de campanha do sistema de comunicação deles e que eu tinha de abaixar a cabeça e fazer o que ela queria. Como ela tinha deixado o Estado arrasado eu não podia me submeter a isto. Mesmo por que o Estado estava quebrado. Não tinha equilíbrio fiscal, não tinha nada. Então, comecei a fazer as coisas que tinha de fazer e ela não gostou e começou a me atacar. Eu fui três vezes ao Sarney, levando gravações, recortes de jornal, mostrando as coisas que eles estavam fazendo aqui comigo. Ele dizia que aquilo era um absurdo e que não ia acontecer mais e pedia que eu voltasse com certeza de que isto não iria se repetir. Quando eu chegava aqui ela dizia: “Ah ele foi falar com papai, tem de falar é comigo, aqui quem manda sou eu”. Na terceira vez disse: “olha, presidente, eu não quero criar divisões na sua família. Se o senhor não tem condições de resolver isto, eu vou tomar minhas providências”. Assim se deu o rompimento. E este rompimento foi bom para o Maranhão. O Estado a partir daí começou a se recuperar. Os indicadores sociais hoje são outros. O Maranhão não é mais o último lugar do IDH; tem uma escolaridade média que se aproxima dos sete anos. O PIB quase que dobrou durante o meu governo. Eram R$ 14 bilhões, passou a R$ 25 bilhões e isto tudo foi resultado da ação do governo que realizei, continuada pelo governador Jackson Lago.

O IMPARCIAL - Os seus ex-aliados dizem que o senhor deve sua carreira política ao senador Sarney, que o senhor é uma cria do grupo que o senhor critica agora. Como o senhor encara tais afirmações?

José Reinaldo Tavares - Eu não nasci no grupo Sarney, meu pai votava no Renato Archer. Eu me formei em engenharia no Ceará, em uma escola pública. Voltei para o estado, já era professor da escola engenharia, já tinha sido diretor do Departamento de Estradas e Rodagens no Ceará. O César Calls me convidou para ser diretor-geral do Departamento de Estrada e Rodagens cearense, quando ele foi governador. O Sarney me indicou para alguns cargos, mas por que eu realmente trabalhava muito e sempre trabalhei muito.


O IMPARCIAL - Alguns observadores do cenário político maranhense ainda manifestam uma postura cética ao falar deste rompimento e acham que o senhor poderá retornar ao grupo Sarney. Isso é possível?

José Reinaldo Tavares - O Alexandre Costa dizia para o Sarney que quando os filhos deles começassem a mandar nele ela ia se liquidar na política. Foi exatamente isto que aconteceu. O que se vê é um grupo que não é mais grupo, e hoje está reduzido à família, ao Lobão e ao João Alberto. Até o próprio Lobão é um político pragmático, experiente, ele vai procurar o caminho dele. Hoje ele é ministro, é um pré-candidato forte do grupo. Mas eu tenho impressão que ele vai seguir a orientação do Sarney nesta eleição. Depois não se sabe. Quanto ao Ricardo Murad, ele pode falar por ele. Ele já saiu, já voltou, é um político pragmático. Quanto a minha pessoa, descarto esta possibilidade. No dia que eles quiserem lutar pelo Maranhão, eu poderia lutar não dentro do grupo, mas com o mesmo objetivo que eu sempre quis. Quando eu era governador eles não deixaram que o Lula me ajudassem, evitaram que a siderúrgica que já estava certa, viesse pra cá e fizeram foi prejudicar o Estado. O prejuízo que eles causaram ao Estado foi tão grande que até hoje, e eu não entendo por que o Lula se submete a isto. Até hoje, o presidente Lula não veio aqui. Portanto, essa possibilidade de retorno ao grupo não cogito. Acho que o caminho do Maranhão é desenvolvimento e não acho que seja com eles que vamos desenvolver o Estado.

O IMPARCIAL - Caso se confirme a posse da senadora Roseana, o senhor acredita que o grupo do qual o senhor faz parte hoje ainda estará fortalecido para as eleições de 2010?

José Reinaldo Tavares - Eu tenho andado pelo interior e vejo uma rejeição muito grande tanto à família Sarney quanto à Roseana. Existem regiões em que esta rejeição chega a quase 100% como a região tocantina. Quando ela saiu do governo o desejo desta região era se separar do Maranhão. Hoje, ressurgiu a vontade de ser um Estado só. O Maranhão se uniu de novo quando a família Sarney saiu do governo. A maneira como eles estão tentando voltar ao governo é ilegítima porque não é pela eleição. É ilegítima porque é no tapetão. A rejeição deles vai aumentar muito. Eles vão ter momentos difíceis no governo. Acho que nosso grupo tem toda a condição de unido vencer as eleições em 2010. Agora eu não acredito que este processo já seja terminado. Acredito ainda que em relação a disputa nos tribunais, vamos ter muitas emoções como diz o Roberto Carlos. O que eles estão fazendo em Brasília, por exemplo é um escândalo atrás do outro. Ao ponto de Roseana pagar para os companheiros de jogo irem a Brasília passar o final de semana e jogar baralho por conta da União. Isto é de um patrimonialismo que só a Roseana entende. A Roseana não consegue distinguir o que é público do que é privado.

O IMPARCIAL - Caso o STF decida pela eleição indireta, ou o governador Jackson reverta a situação, como ficará o cenário para 2010?

José Reinaldo Tavares - Caso o grupo Sarney não consiga retornar ao poder através deste processo, eles terão dificuldades imensas em 2010. Eles só têm esta chance no TSE, não vejo outra chance para eles. Eles sabem disto. O Sarney conhece política mais do que ninguém. Ele sabe exatamente o que será 2010, caso não consigam isto. Até porque, caso o Serra seja o próximo presidente, o Sarney não será reeleito presidente do Senado e eles perderão todos os instrumentos que eles hoje têm pra fazer política no Brasil e no Maranhão. Considero muito difícil uma aproximação entre o Sarney e o Serra. Mas o Sarney é um político pragmático. Ele hoje está apoiando o Lula que vivia criticando ele.

O IMPARCIAL - Os advogados do governador depositam esperanças no julgamento dos embargos declaratórios. O senhor acredita que é possível reverter a decisão do TSE?

José Reinaldo Tavares - Uma decisão de 4 a 3, como é caso desta, é muito instável. Se alguém muda de posição durante a apreciação dos embargos, tudo pode acontecer. Mas acho que a coisa mais forte é a interpretação da Constituição que deve ser resolvida pelo Supremo. Por que caso realmente aconteça o que está na Constituição, haverá nova eleição, até para evitar que Roseana renuncie ao mandato dela no Senado e fique sem mandato. Acredito que o Supremo precisa resolver esta questão da necessidade de nova eleição. Quando for decidido pela realização de uma nova eleição e não pela posse do segundo colocado, processos como este vão diminuir.

O IMPARCIAL - Apesar dos aliados da senadora Roseana Sarney considerarem a posse dela apenas questão de tempo, o senador José Sarney ainda está em clima de expectativa. Como o senhor vê esta situação?

José Reinaldo Tavares - O Sarney sabe que o jogo não está decidido. A preocupação dele é com a rejeição do seu grupo e da Roseana, tanto que ele pegou os marqueteiros da Pública, os quais eram criticados por eles, levou tudo pra lá, pra tentar diminuir a rejeição da Roseana. Ele sabe que a decisão não está tomada ainda de forma definitiva e cabem recursos no Supremo. É certo que ele tem influência em todos os tribunais, mas no Supremo é menor até por que o Supremo é formado de pessoas que já chegaram ao topo e já não possuem aspirações e o Sarney sabe muito bem trabalhar as aspirações de todas as pessoas que ele precisa. Eu acho que eles não estão seguros ainda. Ainda falta o Supremo decidir sobre a questão constitucional a respeito de novas eleições. As coisas ainda podem se modificar totalmente.

O IMPARCIAL - Em relação ao seu sobrinho, o presidente da Assembléia Legislativa, Marcelo Tavares, comenta-se nos bastidores de que em eventual governo Roseana ele se reaproximaria do grupo Sarney. O senhor acredita nesta hipótese?

José Reinaldo Tavares - Não acredito, pois eu conheço meu sobrinho muito bem, eu sei da fortaleza moral que ele é. É uma pessoa de muito caráter. As regras do jogo ele já colocou no discurso de posse, dizendo que não vai usar a Assembléia para atender interesses partidários, mas que ele tem um lado e todos sabem qual é. Na minha avaliação, caso o Supremo decida por uma eleição indireta para escolher quem assume o cargo vai zerar tudo, vai acabar este negócio de Sarney e anti-Sarney. Caso isto ocorra, o grupo Sarney perde a última chance de retornar ao poder no Maranhão. E a classe política é muito pragmática. Nesta hipótese o que vai ocorrer é que a classe política vai se reunir toda, vão acabar as divergências de fundo que é a presença de Sarney no palco político. Vamos ter o chamado marco zero, as coisas começam de novo; vão ser formados outros grupos e o discurso sarney ou anti-sarney perde força. O Sarney sabe disto, ele sabe do risco de uma decisão do Supremo determinado eleições indiretas. Este risco é zerar tudo.

O IMPARCIAL - Hoje o grupo político ao qual o senhor pertence, tem maioria na Assembléia. O senhor acredita que em um eventual governo Roseana esta maioria será mantida ou haverá debandada?

José Reinaldo Tavares - Se não tivermos comando, vai haver uma debandada por que isto é natural. Mas, hoje os partidos possuem condições de comandar os seus deputados. Se os partidos baixarem doutrinariamente posições de que vão ficar na oposição, seus membros terão de ficar.


O IMPARCIAL - Em relação à disputa para o Senado em 2010 o senhor realmente tem interesse em participar desta corrida por uma vaga de senador?

José Reinaldo Tavares - Acho que um dos focos da luta do nosso grupo é o Senado. É ali que o Sarney domina por que tem três senadores do Maranhão, três do Amapá e uma influência enorme. Precisamos ocupar espaço no Senado por que ali é que se máquina contra o Maranhão. Todos lembram da luta que eu tive pra aprovar o empréstimo do Banco Mundial para combater a pobreza. Portanto, eu acho que para quebrar definitivamente esta força contra o Maranhão, temos que ir lutar dentro do Senado e por isto que minha candidatura é para o senado.


O IMPARCIAL - Quando o senhor foi vice da senadora Roseana já existiam conflitos ou eles afloraram apenas quando o senhor assumiu o governo em 2003?

José Reinaldo Tavares - Na época já não era harmoniosa esta relação, pois o que ela fez no Estado não se fez em lugar nenhum. Ela destruiu o organograma do Estado para criar um super-secretário que por “coincidência” era seu marido. Então ficou uma pessoa que arrecadava, planejava, gastava e se fiscalizava. Era um negócio aberrante que só podia dar no que deu. Eu como vice-governador não tinha vez. Os palpites que eu dava não eram levado em conta e eu fiquei ali como um figurante durante todos estes anos. Na verdade, eu não queria ser vice-governador. Eu ia ser o deputado federal mais votado do Maranhão em 1994. Mas na véspera da eleição me colocaram para ser o vice, por que a Roseana não tinha experiência administrativa e eu tinha para dar uma segurança administrativa à chapa. O nome cotado para vice era o do Chico Coelho. Eu cheguei como um vice de última hora dentro da chapa, não era bem quisto e muito menos era o candidato preferido da Roseana para sucedê-la. Eu fui o candidato da Lunus. Por que se não tivesse o caso Lunus, o candidato seria escolhido entre outros nomes. Na época a Roseana era pré-candidata a Presidente da República e a classe política pedia que eu fosse candidato, mas ela dizia que eu era somente um pré-candidato. Agora quando veio a Lunus, ela saiu para o Senado e eu sentei na cadeira e disse : “O candidato sou eu, se tiver outro vai disputar comigo. Isto foi quase que uma afronta ao grupo”. Eu era candidato da classe política, mas não era o candidato que a Roseana, o Jorge Murad queriam, por que eles sabiam que não iam mandar em mim. O que eles queriam era botar uma pessoa ali para ser mandada por eles. Na época o Senador Sarney apoiava meu nome, até por que não tinha afinidade com as pessoas que a Roseana queria indicar como candidatas do grupo a governador.

O IMPARCIAL - O senador Sarney quando percebeu esta confusão dentro do seu grupo ele tentou colar os cacos?

José Reinaldo Tavares - Quando ele viu a coisa indo para o rumo que ele não queria ele tentou varias vezes resolver isto. Até por que o Sarney é muito experiente. Ele viu que a Roseana montou uma estrutura que não tinha interesse nenhum no desenvolvimento do Maranhão, era um pessoal que queria apenas se dar bem. E eu dizia isso pra ele e disse abertamente pra ele que na Roseana eu não votaria.

O IMPARCIAL - Apontam como o pivô do seu rompimento com o grupo Sarney a sua ex-esposa Alessandra Tavares. Ela foi a causa?

José Reinaldo Tavares - Isto foi uma maneira que o Sarney encontrou para justificar tudo. A Roseana realmente tinha uma briga com ela, mas o rompimento não foi por causa da Alexandra. Desde a primeira eleição de Roseana que ela não aceitava o fato de eu estar no governo. Foi por causa das as agressões que ela fez a mim e a meu governo no jornal dela, que houve o rompimento. O Sarney encontrou este motivo da Alexandra para colocar externamente que não era um companheiro antigo dele que tinha rompido e ficou muito difícil pra ele explicar isto. Tanto e que me separei e continuei até com mais força nesta direção tomada quando houve o rompimento.

O IMPARCIAL - Em relação a 2010, independente da situação a ser definida – Jackson seguindo no governo, novas eleições para governador ou a posse da senadora Roseana Sarney –, qual seria o candidato a governador do seu grupo em 2010?

José Reinaldo Tavares - Acho que o Jackson tem o respeito de todos nós do grupo e ele teria o direito de disputar uma releeição, mas isto vai depender do grupo político, dele mesmo querer disputar e isto será discutido na época própria. Mas independente da definição a ser tomada neste processo todo, ele é um forte pré-candidato, estando no governo ou não. Claro que isto terá de passar pela união do grupo, que por sinal é a coisa mais importante a ser feita. Eu lutei pra que não houvessem seqüelas na composição do grupo formado em 2006, o que ocorreu nas eleições para prefeito de São Luís, nas quais perdemos duas pessoas importantes que hoje não fazem parte das decisões: uma é o Tadeu Palácio e a outra é o Flávio Dino. Acho que o mais importante é a união que nós conseguimos, até por que o Sarney sempre ganhou da oposição aqui por que ela não se unia. Então vamos moderar os ânimos, discutir as coisas internamente e sair unidos para eleição, o candidato do grupo pode ser o Jackson, pode ser outro. O importante é estarmos unidos.

O IMPARCIAL - Até que ponto esta seqüela na Frente de Libertação do Maranhão ocorrida nas eleições de 2008 pode influir em 2010?

José Reinaldo Tavares - Isto prejudica a composição. Porque nos temos que estar unidos. O Sarney ainda é forte e apesar da conjuntura se desenhar difícil pra ele em 2010, e ele sabe disto, esteja a Roseana no governo ou não. Os prefeitos do nosso grupo conheceram Roseana e sabem quem é. Em um eventual governo Roseana eles devem tentar ter relações administrativas, mas isto não quer dizer que politicamente os prefeitos que fazem parte do nosso grupo vão mudar de lado.

O IMPARCIAL - Em relação a Flávio Dino e Tadeu Palácio que o senhor disse terem se afastado da Frente de Libertação em virtude da disputa nas eleições de 2008. Ainda nas eleições do ano passado, adversários de Flávio diziam que ele tinha apoio do grupo Sarney e ultimamente circulam rumores de que Tadeu pode vir a compor um eventual governo Roseana. Qual sua avaliação sobre isto?

José Reinaldo Tavares - Eu tive recentemente com o Duda Mendonça em São Paulo e ele me disse que a campanha mais difícil que ele enfrentou no Brasil foi a de São Luís. Ele contou que trouxeram um marqueteiro de Pernambuco que tentou convencê-lo de entrar em uma campanha contra o Flávio dizendo que ele tinha apoio do Sarney. O Duda me disse que via as pesquisas qualitativas e elas não refletiam isto.

Então como se vê isto era um factóide que quiseram criar contra o Flávio Dino. Acho que a coisa pegou um pouco porque o Flávio demorou a rebater isto. A história do Flávio é de luta contra o Sarney a vida inteira. O Flávio é um político novo que está se destacando nacionalmente e não depende de Sarney para nada. Por que ele iria se agarrar a um passado do Maranhão que não levou a nada, um passado que ele sempre combateu? Então, quanto ao Flávio, eu não tenho dúvidas, de que estará conosco. Aquilo ali da Roseana votar nele e declarar voto nele é marketing da Roseana. Foi uma forma dela dizer nacionalmente que não tinha perdido, por que os quatro candidatos dela tiveram 8% dos votos. A verdade é que ela não tem afinidade nenhuma com o Flávio. Quanto a Tadeu Palácio, eles vão trabalhar o Tadeu e querem usá-lo como usaram todo mundo. Eles vão tentar utilizar o prestígio que o Tadeu ainda tem em São Luís para ser representante deles na cidade. Mas eu acho que o Tadeu é um camarada inteligente. Ele teve problemas muito sérios com o Jackson, que eu mesmo tentei impedir que acontecessem. Mas ele é um homem pragmático e inteligente e não vai se juntar a um grupo que não vai existir daqui a alguns anos.

Reportagem publicada originariamente na edição de domingo (29/03/2009) de O Imparcial.

2 comentários:

Anônimo disse...

"DEUS RESUCITA O HOMEM CERTO NA HORA CERTA"lembro um vesciculo das escrituras sagradas.Senhor José Reinaldo, pra mim vc é e sempre será um grande homem.!Sua coragem é de se aplaudir de pé.A decisão que o senhor tomou eu sei que não foi nada facil.O rompimento com esse grupo politico, todos sabem que foi o pontape inicial para essa grande evolução estadual que está acontecendo.Não haverá mais lugar pra esse grupo mesquinho o povo está unido e quando o povo se une é feito a vontade de Deus.lutas..! com certeza virão muitas,mais que seria da vitória sem elas..?UM FORTE ABRAÇO E ESTEJA SEMPRE COM DEUS.

FABIANO NOGUEIRA disse...

FICO MUITO FELIZ EM TER UM CIDADÃO COMO JOSÉ REINALDO NO NOSSO MEIO POLÍTICO MARANHENSE,ELE É UMA PESSOA MUITO FIRME NOS SEUS OBJETIVOS E SINCERRO NOS SEUS PONTOS DE VISTA.
ESTAREI SEMPRE DO LADO DOS QUE QUEREM O MELHOR PARA O NOSSO QUERIDO MARANHÃO,SEM JACKSON OU COM JACKSON NO GOVERNO EM 2010 VOTAREI SEMPRE CONTRA O ATRASO CHAMADO GRUPO SARNEY, DO DEPUTADO ESTADUAL AO PRESIDENTE DA REPUBLICA SERÃO MEUS CANDIDATOS OS QUE ESTIVEREM EM LADOS OPOSTOS AO SARNEY...PODE CONTAR COMIGO EM 2010 PRO SENADO FEDERAL,SEI QUE TEREMOS UM GRANDE MARANHENSE CORAJOSO LUTANDO POR NOSSOS INTERESSES!!!
VALEU GOVERNADOR...ESTAREI COM O SENHOR.