sábado, 4 de abril de 2009

A Palavra é Sua

Marcos Pontes Nogueira: Sou jornalista há mais de 20 anos no Maranhão e fui correspondente da Folha de São Paulo de 1992 a 1994. Desde então assinei duas colunas políticas no Jornal Pequeno e no Jornal Imparcial.

A cobertura sobre a questão das passagens aéreas para um grupo de "amigos" da senadora Roseana Sarney é muito mais grave do que o site Congresso em Foco noticiou. Se os jornalistas Eduardo Militão, Eumano Silva e Lúcio Lambranho pesquisarem com amigos, conhecidos e/ou fontes do Maranhão vão descobrir que os cinco amigos que viajaram de São Luís para Brasília, Heitor Heluy, Adalberto "Bill" Furtado, Eduardo Haickel, Henry Duailibe e Sebastião Murad só possuem um laço comum com a senadora: todos os cinco fazem parte do mesmo grupo de jogadores de pif-paf há mais de 15 anos.

Isso mesmo, são jogadores de baralho a dinheiro. Nenhum deles é uma sumidade em alguma área de conhecimento que justificasse um convite da senadora para debater problemas do Maranhão. Como Roseana poderia afirmar que seus amigos viajaram a Brasília "a serviço" ou para debater possíveis planos e idéias para serem colocadas em prática caso ela venha a assumir o governo do Maranhão?

Heitor Heluy foi diretor do Detran/Ma no governo Lobão (1991 a 1994)e foi afastado por acusações de cometer irregularidades no órgão. Ele vive hoje de salário de assessor do TRT/MA e da renda de aluguéis; Sebastião Murad é ex-deputado estadual é dono de posto de combustível e sobrevive também através de uma carteira particular de empréstimos que concede a amigos e conhecidos; Eduardo Haickel é dono da rede de postos de gasolina Tiger em São Luís; Henry Duailibe é sócio da revendedora de automóveis Ford, a "Duvel" em São Luís; e Adalberto "Bill" Furtado" é dono de uma empreiteira em São Luís.

Todos os cinco jogam pif-paf com Roseana há mais de 15 anos e na época em que Roseana era governadora do Estado o jogo acontecia todas as terças- feiras à noite na casa da família no Calhau e só terminava no raiar do sol de quarta-feira. O jogo era tão oficial que o expediente nos palácios dos Leões (residência oficial) e no Henrique de La Rocque (sede administrativa) só era iniciado nas quartas-feiras depois do almoço.

Eu já noticiei esta jogatina dezenas de vezes na minha coluna "Tiro Certo" no Jornal Pequeno (de 1995 a 2000) e no "Profissão Repórter" no jornal O Imparcial (de 2005 até hoje) e nunca fui desmentido. Que a senadora Roseana Sarney goste de um joguinho de baralho está tudo bem! Mas bancar a viagem de amigos do carteado com passagens aéreas pagas com dinheiro público e hospedar a turma do pif na casa oficial do presidente do Senado Federal já é demais.

É muito escárnio com dinheiro público e mostra que a senadora não sabe separar o público do privado. Essas seguidas explicações contraditórias sobre o episódio das passagens aéreas me remete a 2002 quando sete explicações diferentes foram dadas para explicar os R$ 1.350.000,00 apreendidos pela Polícia Federal no escritório da Lunus em São Luís, empresa onde Roseana Sarney possuía 83% das ações, seu marido Jorge Murad 16% e um sócio menor 1%.

Em um país onde as leis funcionem bancar passagens áereas com dinheiro público e hospedar cinco amigos na residência oficial da presidência do Senado Federal para um jogo de baralho ensejaria uma processo de cassação de mandato da senadora Roseana Sarney Murad. Agora fica a pergunta: Se a senadora Roseana faz o que fez em Brasília com recursos públicos na cara da imprensa brasileira, imaginem o que ela não fará voltando ao governo do Maranhão e longe do alcance da mídia nacional?

Marcos Pontes Nogueira (marnogueira1@ig.com.br)
São Luís- Ma / Jornal O Imparcial
Colunista Político Profissão Repórter

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