O jornal O Estado de São Paulo, em editorial na edição de 14
de novembro, com o mesmo título que utilizo hoje, dá os números da desigualdade
de gênero, um absurdo que não devia existir. Está na hora de toda a sociedade
enfrentar, para valer, essa grave questão.
Por oportuno, lembra o jornal que em setembro de 2000, a
Organização das Nações Unidas (ONU) promoveu em sua sede, em Nova York, a maior
reunião de chefes de Estado já realizada até então. A chamada Assembleia do
Milênio reuniu 191 delegações, 147 delas lideradas pelas maiores autoridades
nacionais.
A premissa era de que, naquele estágio de desenvolvimento
humano, as nações já dispunham de conhecimento e da tecnologia para enfrentar a
maioria dos problemas globais e os líderes mundiais assinaram, ao final, uma
declaração conjunta contendo 8 Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM),
além de 48 indicadores que permitem a avaliação uniforme das políticas públicas
para atingimento daquelas metas em nível global, regional e nacional.
Reduzir a apenas 8 objetivos a serem alcançados como
prioridades do Milênio dá a importância de cada um deles ante a vasta gama de possibilidades.
A evolução desses objetivos pode ser acompanhada no portal da ONU, pois isso
traduz o que no futuro se poderá alcançar, visando um patamar de
desenvolvimento que leve a um mundo mais pacífico, justo e harmonioso.
Um desses objetivos traçados pela ONU é “promover a igualdade
de gênero e autonomia das mulheres”. Eis que passo então a transcrever o
editorial do Estadão: “por mais significativos que tenham sido os avanços na
redução da disparidade que existe entre homens e mulheres nas últimas décadas,
sob os mais variados aspectos, o desequilíbrio de gênero que ainda se observa
em questões centrais da sociedade moderna, como a representação política, as
relações de trabalho e a oferta de oportunidades para o desenvolvimento
econômico ainda representa um enorme desafio para o futuro”.
Nos regimes democráticos não há mais nada que impeça,
legalmente, o acesso das mulheres a qualquer direito que também seja concedido
aos homens. Entretanto, as barreiras sociais que ainda existem parecem mais
difíceis de serem transpostas.
De acordo com o relatório Situação da População Mundial 2017,
publicado pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), a igualdade de
gênero ainda é uma meta difícil de ser alcançada, sobretudo no Brasil, um dos
países signatários da Declaração do Milênio.
A situação das mulheres brasileiras, principalmente as mais
pobres, é particularmente cruel porque, além das limitações que já têm de
enfrentar pela própria condição de gênero, sobre elas ainda pesam dificuldades
de acesso aos serviços públicos básicos que não raro ainda impõem severos
óbices ao seu desenvolvimento social e econômico, comprometendo, inclusive, a
erradicação da pobreza, outra das metas globais definidas pela Assembleia do
Milênio.
Citando dados oficiais, o relatório da UNFPA mostra que 20%
dos bebês brasileiros nascem de mães adolescentes que não têm acesso a serviços
básicos de saúde, menos ainda a programas de planejamento reprodutivo. Entre
essas jovens, 60% não trabalham e nem estudam, metade delas concentrada na
região Nordeste. A precariedade da oferta de creches nas áreas urbanas das
grandes cidades - onde se concentra 85% da população - é outro obstáculo ao
mercado de trabalho e, consequentemente, ao desenvolvimento econômico do País.
Em um ranking de 144 países, o Brasil é o 90° em igualdade de
gênero. E em relação ao ranking do ano passado o Brasil perdeu 11 posições, o
que revela o tamanho do desafio para chegarmos a um patamar de equidade entre
homens e mulheres.
Essa causa é seríssima e precisa envolver toda a sociedade.
De minha parte, farei o que puder para avançarmos na questão
de igualdade de gênero, que é fundamental para a harmonia do povo brasileiro e
fundamental para avançarmos como nação.
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