Esse foi o título de uma entrevista publicada nas páginas
amarelas da revista Veja há algumas semanas. O entrevistado, James Heckman, economista e especialista
em educação laureado com o prêmio Nobel, é professor da Universidade de
Chicago, uma das melhores do mundo. Ele criou métodos científicos para avaliar
a eficácia de programas sociais e vem se dedicando aos estudos sobre a primeira
infância - para ele uma etapa divisora de águas.
Heckman veio ao Brasil proferir uma palestra com o título “Os
desafios da primeira infância - Por que investir em crianças de zero a 6 anos
vai mudar o Brasil?” e explicou essa é a fase em que o cérebro se desenvolve em
atividade frenética e tem um enorme poder de absorção, como uma esponja
maleável.
As primeiras impressões e experiências na vida preparam o
terreno sobre o qual o conhecimento e as emoções vão se desenvolver mais tarde.
Se essa base for frágil, as chances de sucesso cairão; se ela for sólida, vão
disparar na mesma proporção. Por isso defende estímulos desde muito cedo.
Ele afirma também que a ciência já reuniu evidências de que a
probabilidade da criança ter uma vida saudável se multiplica quando a mãe é
disciplinada no período pré-natal. Até 5 a 6 anos a criança aprende em ritmo
espantoso, e isso será valioso para toda a vida.
Infelizmente é uma fase que costuma ser negligenciada e
normalmente as famílias pobres não recebem orientação básica sobre como
enfrentar os desafios de criar um bebê, além de faltarem boas creches e
pré-escolas e, sobretudo, não há o “empurrão” certo nas horas certas, diz o
professor.
Heckman informa que países que não investem na primeira
infância apresentam índices de criminalidade mais elevados, maiores taxas de
gravidez na adolescência e evasão no ensino médio e níveis menores na
produtividade no mercado de trabalho, o que é fatal. A ênfase das políticas
públicas em que o estado só entra depois, na fase do ensino fundamental, acarreta
a perda da chance de preparar a criança para essa nova etapa, justamente quando
seu cérebro é mais moldável à novidade. E isso é danoso para o país.
O professor chama ainda a atenção para o aspecto da segurança
pública: se se investe bem cedo nas crianças, para que adquiram habilidades,
com um bom poder de julgamento e autocontrole, isso as ajudará a integrarem-se
à sociedade longe da violência. O custo dessa estratégia corresponde a um
décimo do que custa a alternativa de contratar milhares de policiais para
cuidar da segurança pública. É prevenir ou remediar? Como se vê, é muito melhor
prevenir.
O entrevistado completa dizendo que o grande impacto positivo
vem de programas que conseguem envolver famílias pobres, creches e pré-escolas,
centros de saúde e outros órgãos que, integrados, canalizam incentivos à
criança - não só materiais evidentemente.
O programa envolve ativamente os alunos em projetos de sala
de aula, lapidando habilidades sociais e cognitivas, sob a liderança de
professores altamente qualificados. A família mantém um estreito elo com a
escola, já que há que se ter sempre a certeza de que a família está a bordo,
qualquer que seja a iniciativa. Um bom programa de primeira infância consegue
ajudar a família inteira, fazendo chegar até ela informações, boas práticas e
valores essenciais, como a importância do estudo para a superação da pobreza.
Parece que o professor Heckman pensava no Maranhão quando
elaborava o seu trabalho. A partir do Escola Digna, um excelente projeto do
governador Flávio Dino, com a ajuda da UFMA, poderíamos criar Centros da
Primeira Infância que reuniriam a família, assistência à saúde, pré-escola, e outras
atividades que preparariam as novas gerações e teriam como consequência a
superação da pobreza que ainda existe no Maranhão. Essa foi a receita que
transformou países asiáticos, tirando-os da pobreza para um patamar altamente
desenvolvido.
Um projeto com esse alcance atrairá ajuda financeira de
fundações do mundo inteiro com esse propósito e capital não faltaria para tal
empreendimento contra a pobreza e a violência.
Esse é o projeto maior do Maranhão, acredito fortemente.
Parece feito para nós.
E uma notícia boa: por fim tenho condições de garantir que o
projeto da refinaria de Bacabeira começará a se transformar em realidade em
meados do próximo ano, com o início das obras. O novo projeto está quase pronto,
assim como o seu financiamento.
Mas, é só o início. Valeu tanta luta e dedicação.
Depois contarei o restante da notícia...
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