quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Vai Descendo a Ladeira

O Presidente Lula tem ouvido e dado prestígio a algumas figuras carimbadas do Senado, muito além do que elas realmente valem e representam. Na verdade, o Presidente vem sendo usado por esses senadores, que inseriram no dia a dia do senado e no trato com os interesses maiores do governo, uma agenda de fisiologismo como há muito não se via no país. Instituíram um “toma lá, dá cá”, que passou a comandar essas relações, o que desgastou muito o Presidente e a classe política perante a nação e acabaram por concorrer fortemente para a derrota do governo na votação da CPMF.
Ao cair nas conversas ardilosas desses políticos, entregando ministérios, estatais e cargos de toda a ordem a alguns senadores, ele, inevitavelmente, deu força a esse grupo e levou a muitos outros a acharem que esse era o caminho, passando a cobrar caro pelo seu voto, a ponto de um dos senadores dizer que estava precisando de um “chinelinho” novo.
Logicamente a parte principal era destinada ao chefe da turma, o senador José Sarney, que não se conformava mais em não ter sob seu comando o Ministério das Minas e Energia, sem dúvidas o mais endinheirado deles, a “jóia da coroa”. E queria “de porteira fechada”, ou seja, não só a indicação do ministro, mas também de todos os cargos importantes da pasta. Aliás, nesse ministério, todos os cargos são importantes, como se fossem vários ministérios dentro de um só. Equivalem a um ministério a Petrobrás, a Eletrobrás, a Nuclebrás, a Eletronorte etc. E as diretorias de cada um desses são verdadeiros impérios.
A revista VEJA desta semana diz que o Senador José Sarney é “o rei do setor elétrico brasileiro” certamente por ser um grande especialista no ramo. De onde vem tanto preparo para dirigir um setor vital para o futuro do Brasil ninguém sabe, pois o mesmo é advogado e imortal e nunca se ouviu falar nesses pendores. Porque será?
O que o faz tão importante para merecer tomar de modo perpétuo, (durante o governo Lula) as indicações para o setor elétrico, a ponto de chamar a atenção da grande imprensa brasileira? É porque teria um comando enorme entre os senadores da situação e da oposição, e os votos necessários para vencer qualquer votação e ser o Presidente do Senado quando quisesse e lhe aprouvesse.
Depois do que aconteceu, como se apresentar ao Presidente Lula e cobrar o Ministério? Que tipo de conversa vai usar para justificar tamanha derrota? Principalmente porque tem uma fiel escudeira, a sua filha Senadora Roseana Sarney, com enorme prestigio e influência entre os senadores, como não se cansa de anunciar as suas rádios, televisões e jornais? E que tinha elaborado um documento que deixaria os seus colegas embasbacados e assim seriam favas contadas os votos necessários para a vitória do governo?
Não estavam nem aí para as pesquisas de opinião que mostravam que a grande maioria da população já não estava agüentando tanto imposto e queria a extinção da CPMF.
Melhor faria o Presidente Lula se tivesse negociado uma versão aceitável para os partidos da oposição e assim tivesse chances reais de manter a contribuição. Desdenhou da oposição, certamente levado pelos seus conselheiros, que achavam que no final a oposição não se manteria unida, e assim seria inevitável a vitória. Essa, na verdade é a receita que aconteceu muitas vezes no Maranhão, muito aproveitada por Sarney, para vencer durante quarenta anos as eleições majoritárias no estado.
Mas, a oposição estava com a opinião pública ao seu lado e sabia que os recursos da saúde são constitucionais e não será lá que o governo cortará, se realmente for necessário. Foi uma ameaça vazia. E também a arrecadação do governo federal este ano ultrapassou o previsto no orçamento em mais de R$ 60 bilhões, maior que o valor arrecadado pela CPMF.
A decadência da velha política é o maior bem que pode acontecer ao nosso país. Será a libertação do Presidente Lula, que assim poderá levar o Brasil a sua definitiva modernização. Ele não precisa de gente desse tipo ao redor.
O lúcido e combativo Senador do Amazonas, Artur Virgilio, acertou em cheio quando falou que não queria um “cacique” como presidente do senado. Que com seus métodos oligárquicos iria enodoar a instituição, pois, eleito presidente do senado, usaria o seu poder para perseguir adversários políticos em seu estado de origem.
O senador Pedro Simon disse a mesma coisa com outras palavras e inquiriu o senador do Amapá na Reunião de seu partido, o PMDB, sobre o seu desejo de voltar a presidir o Senado, naquela ocasião ou no futuro. Com a resposta negativa, disse que valeu passar por tudo que passou para ouvir o Senador José Sarney dizer que nunca mais se candidataria ao cargo. E disse também que não saia do PMDB porque Sarney passaria e o partido ficava e que ele não ia deixar o partido em que viveu tantos momentos dignos da história brasileira ser dominado por José Sarney. Era tudo que ele queria evitar.
Esse Sarney odiento e vingativo não consegue mais enganar ninguém. Nem aqui nem fora daqui. É a decadência galopante.
A Veja online, na coluna Radar, informou essa semana que o Senador José Sarney está lutando com muito empenho para recompor suas relações com Fernando Henrique e com o Governador José Serra, pois sente que estes poderão ganhar as próximas eleições presidenciais e já está tentando se arrumar.
Pelo poder esquece até o que disse de Serra, em discurso no Senado, quando sua filha foi flagrada no escândalo da Lunus juntamente com seu marido Jorge Murad.
Vai descendo a ladeira!

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