sábado, 15 de março de 2008

Equilíbrio X Desequilíbrio

Cesar Maia, prefeito do Rio de Janeiro, é um dos políticos brasileiros que mais entende de pesquisas de opinião e, com muita leitura, aprendeu a interpretá-las da maneira correta. É um estudioso e especialista.

Escreveu em seu ex-blog que a popularidade ostentada por Lula não vem mais do Bolsa Família, que já se incorporou à vida das milhões de famílias que a recebem. Naturalmente, estas já tem outras demandas, que logicamente o governo não vai poder acompanhar. Portanto, o que interessa é a realização de novos desejos. (Isso pode ser inteiramente verdade no Centro-oeste, Sul e Sudeste, mas no Nordeste, como é a única renda da família em muitos dos casos, talvez não seja assim). Diz ele, então, que o que faz o Lula estar lá em cima na pesquisa de opinião é a boa fase da economia, caracterizada por crédito farto e muita gente consumindo e comprando casas, carros, produtos eletrônicos, eletrodomésticos etc.

Na verdade, o anúncio do crescimento do PIB de 5,4%, crescimento sustentado pelo aumento do consumo, confirma tudo isso. E Lula tem sabido aproveitar a boa fase da economia, disponibilizando programas do governo federal, dando acesso ao crédito a muitas faixas da população, que sempre estiveram fora do sistema de consumo, participando, também, da boa fase da economia.

O presidente Lula é uma pessoa de muita sorte e talvez o quadro atual não mude muito durante o seu período de governo, mas o ambiente externo se deteriorou muito e os EUA bordejam a recessão, embora o mundo tenha hoje uma nova locomotiva que não o deixa parar: a China e outros países emergentes.

Mas como o Brasil não aproveitou a boa fase da economia global para resolver seus problemas estruturais, diminuindo seus gastos de custeio e do peso da maquina pública, o país vem crescendo às custas de um equilíbrio a alto custo, pois mantém os juros mais altos do mundo para controlar a economia e manter a inflação sob rédeas curtas. Por outro lado, essa prática aumenta muito o endividamento interno que, com esses juros, vai crescendo com rapidez enorme. E tem como conseqüência a baixa capacidade de investimento (apenas 13,4% do PIB em 2007). E aí não se resolvem os gargalos da infra-estrutura nacional, que vai se tornando obsoleta e que aumenta o custo Brasil, dificultando a exportação.

Com a entrada de muitos dólares, atraídos pelos juros altos, o dólar cai e o real se valoriza, diminuindo nosso poder de competição no comércio exterior e o volume de nossas exportações, ameaçando o equilíbrio do balanço de pagamentos que caminha para ser deficitário.

Enfim, muitas incertezas ameaçam o Brasil e a popularidade do nosso presidente. Temos que torcer muito para ele continuar com tanta sorte e a economia crescendo no meio de tanto desequilíbrio.

Um comentário:

Ricardo Santos disse...

Ricardo Santos:


Sobre a economia mundial, realmente podemos falar; "eita Lula sortudo", o mesmo não podemos falar de suas amizades, adjuntos, indicações para ministérios, ops!!