terça-feira, 1 de julho de 2008

Não Ficou Nada

Todos sabem da imensa dificuldade que enfrentamos em 2006 para vencer aquelas eleições decisivas para o Maranhão. A antiga oposição a Sarney mal se falava e existia um grande rancor entre quase todos os seus integrantes, fruto de antigas disputas eleitorais e da desunião reinante. Além disso, grande parte da classe política temia os Sarney e não queria se expor no que muitos achavam uma aventura, embora todos guardassem na memória a arrogância de Roseana e Jorge e dos maus tratos e humilhações que muitos sofreram.

As eleições de 2006 eram favas contadas para o grupo Sarney. Roseana Sarney tinha mandato de Senadora, tinha sido governadora por 8 anos, fazendo um governo quase que apenas de mídia, era dona da geradora da Rede Globo no Maranhão além de um formidável grupo de imprensa. Era muito desigual, porque o senador José Sarney não perdia oportunidades de demonstrar a sua força junto ao governo federal, inclusive impedindo ostensivamente que ministros viessem aqui. Verbas federais, nem pensar.

Atrapalhava muito o fato de Jackson vir de um grupo político que tinha como representante no interior, geralmente, adversários dos prefeitos. E se negavam a apoiá-lo com medo de que, se eleito, Jackson daria prioridade no relacionamento aos seus antigos amigos e eles só perderiam. Vi então que tinha que fazer alguma coisa, pois os meus amigos prefeitos me diziam que me apoiavam, mas nessas circunstâncias não poderiam apoiar o meu indicado.

Ajudado por pesquisas qualitativas e pela realidade política, resolvemos ter mais candidatos a governador, para que pudéssemos ir ao segundo turno o que mostraria a classe política e a sociedade que poderíamos ganhar. Roseana e seus estrategistas cometeram o erro de apregoar vitória no primeiro turno e, se isso não acontecesse, seríamos olhados de outra maneira e aumentariam muito nossas possibilidades de vitória no segundo turno.

Mas uma das coisas mais importantes para a vitória era a união da classe política, nunca antes acontecida, pois sempre estava dividida por disputas anteriores que deixavam cicatrizes difíceis de curar. Aquela novidade compôs bem o quadro que se desenhava para a primeira e mais contundente vitória eleitoral contra o grupo Sarney e sua “imbatível” candidata, tão forte que tentou mesmo ser candidata a presidente do país. O desfecho nós todos conhecemos. A vitória maiúscula e contundente que deixou tontos nossos adversários.

Era essa lição magnífica que eu queria preservar nas eleições para prefeitos e vereadores definidoras de rumos em 2010. Por isso, preguei e fiz artigos sobre a necessidade da reedição da frente, não necessariamente para vencermos as eleições mas, aí sim, fundamental para manter a união no grupo, sempre necessária para enfrentar um grupo que mantém quase o monopólio da comunicação e da mídia no estado.

Os que queriam impor sua agenda pessoal, como no passado, difundiram que eu apenas queria ser candidato a prefeito com o apoio de todos. Respondi que já havia dado exemplos de desprendimento, nunca antes visto no estado, quando abandonei minha natural candidatura ao senado e a deputado federal para ficar no governo e evitar que o mesmo fosse usado para massacrar as antigas oposições como antigamente. E que nunca tinha postulado a prefeitura de São Luis, como é testemunha o governador Jackson Lago. Dizia que eu não iria desunir o que me custou muito unir. Nada disso adiantou e a frente foi esnobada por quase todos, principalmente por inexperiência e algumas vezes por arrogância e egoísmo.

O quadro final de tudo isso é desalentador. A divisão é geral e não conseguimos produzir um candidato realmente forte, bem discutido com a sociedade e atendendo seus anseios. A divisão começa pelo PDT, que no comando dos governos estadual e municipal, foi para uma convenção sem acordo, expondo suas grandes lideranças em uma briga política que a população não entende. O PT ficou distante do PDT, partido do presidente e do governador e do atual prefeito. O PC do B, aliado também, com muitas mágoas. O meu partido, todo dividido pelos métodos de cooptação usados. E o PSDB, isolado, se não fosse a complicada votação de terça última. Nem Sarney, nos seus melhores momentos de político conseguia tal proeza. Está de queixo caído.

Isso se repetiu em Pinheiro, onde jogamos fora chances reais de vitória e em Barreirinhas, incentivando frentes contra o prefeito do PT.

Creio que o jogo foi mal jogado. Vidigal está abandonado depois do imenso sacrifício que fez. Lideranças importantes também estão no mesmo barco, como Julinho e tantos outros.

Enfim, está feito. Vamos ver o resultado. Espero, sinceramente, estar enganado e lendo tudo errado. Mas é assim que estou vendo as coisas se complicando sem necessidade. E tentar adiante consertar as feridas abertas, com tantos ressentidos pela falta de diálogo e de ouvidos atentos à realidade vivida por companheiros tão importantes.

2 comentários:

GUSTAVO LOPES disse...

Como sempre sábias suas palavras e, sobretudo sua visão política, o que faz deste pobre cidadão seu admirador e apoiador, eu confesso que me enganei com o atual governador e lendo a historia relembro que o estilo “Democrático” do Jackson é diferente do nosso. O que ele fez na Timbira com o Gilberto Lima mostrou isso! Pois é, ele gosta de delegar poderes e ou atribuições que caberia a ele, somente a ele o Governador.
Aqui em Pinheiro ele perdeu o apoio popular, hoje ele é xingado e avacalhado nas ruas e de tabela nós também, os eleitores dele. Triste!

Ricardo Santos disse...

Ricardo Santos;


Continue firme, olhando para o horizonte ZR.