quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Modus operandi da PF irrita presidente Lula

Rui Nogueira e Christiane Samarco: O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e parlamentares do PMDB são duas das quatro trincheiras armadas no conflagrado ambiente envolvendo a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), o comando da Polícia Federal e alguns dos seus delegados e superintendentes regionais. Lula reclama com assessores que a PF decidiu se especializar em operações anticorrupção de olho na repercussão junto à mídia. O PMDB entrou na guerra pregando a entrega do Ministério da Justiça a um político que amordace a PF e ponha um fim a operações como a que está investigando Fernando Sarney, filho do senador José Sarney (PMDB-AP), a Operação Boi Barrica.

O Estado apurou que em conversas com assessores do Planalto e até com o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), o presidente Lula já se perguntou por que a PF se empenha tanto em operações espetaculares de combate à corrupção, mas jamais montou uma investigação séria para cumprir outras obrigações constitucionais. Chegou a dar um exemplo: se o crime organizado do Rio maneja o que há de mais mortífero, por que a PF não monta uma operação que asfixie o tráfico que invade as divisas fluminenses e fornece as armas para os bandidos cariocas?

Na avaliação do Planalto, por trás da admiração pública provocada com a prisão de políticos e empresários, a partir, muitas vezes, de ilações feitas com dados preliminares das investigações, haveria também o interesse em acumular informações que não são usadas formalmente nos inquéritos, mas são postas a circular em operações de vazamento bem arquitetadas. Lula já reclamou, mais de uma vez, do trabalho que a PF fez com o irmão dele, Genival Inácio da Silva, o Vavá, na Operação Xeque-Mate, em junho do ano passado.

Para Lula, a PF havia coletado informações suficientes sobre o irmão, sabia que as conversas grampeadas eram inconseqüentes, mas decidiu indiciá-lo, mesmo tendo provas de que Vavá não servira para executar nenhum negócio que pudesse ser caracterizado como tráfico de influência. Lula e assessores avaliam que a PF precisa combater a corrupção, mas com mais critério e profundidade nas investigações, não podendo temer o controle institucional do Judiciário e do Ministério Público sobre as operações.

No caso do PMDB, o partido está defendendo no bastidor que o ministro Nelson Jobim (Defesa) seja transferido para a Justiça, no lugar de Tarso Genro. Por ter sido ministro e presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), os peemedebistas dizem que ele tem o perfil certo para "enquadrar" a PF. Em conversas reservadas, Sarney não esconde sua irritação com Tarso e com a Operação Boi Barrica, que ele classifica de exemplo de "atuação política da PF".

O senador se queixa dos "vazamentos" e reclama da troca do delegado que comandava as investigações. Alguns peemedebistas estimulam Sarney a aceitar a indicação para a presidência do Senado por entenderem que isso funcionaria como outro freio na PF

Comentário do Blog: “Aqui se faz, aqui se paga”, diz o ditado popular...

Um comentário:

Anônimo disse...

É , meu querido Zé Reinaldo, o Sarney ainda tem muito pra pagar aqui... Isso é só o começo.
Abraço, marcio jardim