Todos os brasileiros de bem, em dia com o pagamento de seus tributos, tem o dever de defender, entusiasticamente, a permanência de Sarney no comando do Senado.
A oposição exige que Sarney se abstenha de presidir o Senado até o término das “investigações”. Apurações, assim, conspurcadas pelas aspas.
Meio acabrunhado, um pedaço do consórcio governista também defende o pedido de licença do morubixaba do PMDB. Nada feito.
Sarney mergulhou o Senado num surto antropofágico. Os senadores estão se comendo uns aos outros. Alvíssaras!
Em transe psicótico, o Senado vive uma rotina suicida. Decidiu se autodesmoralizar. Assiste-se a uma espécie de harakiri do patrominialismo secular.
Nas crises anteriores, os dramas do Senado foram interrompidos pelo meio. Jader renunciou. ACM caiu fora. Renan bateu em retirada.
Sarney é a chance de acabar com a síndrome do quase. A crise ganhou contorno revolucionário. Chegou-se à plenitude do erro. Só a depravação irrestrita salva o Senado.
É um dos piores senados da história republicana. Natural que queira atear fogo às vestes. E o suicídio, convenhamos, é coisa íntima.
Ninguém tem o direito de se meter na vida –ou na morte— de um suicida. Tome-se o caso de Sarney.
Virou uma versão tupiniquim de dom Sebastião, aquele personagem da mitologia portuguesa que se lançou em meio às tropas mouras e sumiu, massacrado.
Os defensores da saída de Sarney dizem que ele está rendido aos métodos cangaceiros de Renan, o bárbaro. Volte-se no tempo. Estacione-se em 2007.
O Senado teve a chance de devolver Renan a Alagoas. Absolveu-o. Muitos dos que hoje o satanizam ontem ajudaram a salvar Renan.
Estão lá, impressas sob a diáfana camada de sigilo do painel eletrônico, as digitais de Lula; dos Silvérios do PSDB, dos quintas-colunas do DEM; das abstenções do PT.
Ficou combinado que, para o governo e a maioria dos senadores, nada acontecera. Acertou-se mais:
Não valia a pena aviltar o compadrio que permeia as relações políticas em nome de algo tão relativo e politicamente supérfluo como a verdade.
Depois, a oposição voltou a se relacionar com Renan. Pior: a tribo ‘demo’, embora soubesse que Sarney é Sarney, viabilizou a vitória dele.
No Brasil, o público sempre se confundiu com o privado. Mas, sob Sarney, o Senado expôs as próprias vísceras.
Descobriu-se que os sábios da pátria deixaram de atentar para a velha discrição que disfarçava em interesse público os mais escusos benefícios pessoais
Os senadores esqueceram de maneirar, eis o que restou demonstrado. Não há mais espaço para meio-termo. A platéia merece saber até onde o melado vai escorrer.
Assim, não resta senão bradar, a plenos pulmões: fica, Sarney; resista, Sarney; não esmoreça, Sarney. Agarre-se a Renan, Sarney. Exija fidelidade de Lula, Sarney.
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A oposição exige que Sarney se abstenha de presidir o Senado até o término das “investigações”. Apurações, assim, conspurcadas pelas aspas.
Meio acabrunhado, um pedaço do consórcio governista também defende o pedido de licença do morubixaba do PMDB. Nada feito.
Sarney mergulhou o Senado num surto antropofágico. Os senadores estão se comendo uns aos outros. Alvíssaras!
Em transe psicótico, o Senado vive uma rotina suicida. Decidiu se autodesmoralizar. Assiste-se a uma espécie de harakiri do patrominialismo secular.
Nas crises anteriores, os dramas do Senado foram interrompidos pelo meio. Jader renunciou. ACM caiu fora. Renan bateu em retirada.
Sarney é a chance de acabar com a síndrome do quase. A crise ganhou contorno revolucionário. Chegou-se à plenitude do erro. Só a depravação irrestrita salva o Senado.
É um dos piores senados da história republicana. Natural que queira atear fogo às vestes. E o suicídio, convenhamos, é coisa íntima.
Ninguém tem o direito de se meter na vida –ou na morte— de um suicida. Tome-se o caso de Sarney.
Virou uma versão tupiniquim de dom Sebastião, aquele personagem da mitologia portuguesa que se lançou em meio às tropas mouras e sumiu, massacrado.
Os defensores da saída de Sarney dizem que ele está rendido aos métodos cangaceiros de Renan, o bárbaro. Volte-se no tempo. Estacione-se em 2007.
O Senado teve a chance de devolver Renan a Alagoas. Absolveu-o. Muitos dos que hoje o satanizam ontem ajudaram a salvar Renan.
Estão lá, impressas sob a diáfana camada de sigilo do painel eletrônico, as digitais de Lula; dos Silvérios do PSDB, dos quintas-colunas do DEM; das abstenções do PT.
Ficou combinado que, para o governo e a maioria dos senadores, nada acontecera. Acertou-se mais:
Não valia a pena aviltar o compadrio que permeia as relações políticas em nome de algo tão relativo e politicamente supérfluo como a verdade.
Depois, a oposição voltou a se relacionar com Renan. Pior: a tribo ‘demo’, embora soubesse que Sarney é Sarney, viabilizou a vitória dele.
No Brasil, o público sempre se confundiu com o privado. Mas, sob Sarney, o Senado expôs as próprias vísceras.
Descobriu-se que os sábios da pátria deixaram de atentar para a velha discrição que disfarçava em interesse público os mais escusos benefícios pessoais
Os senadores esqueceram de maneirar, eis o que restou demonstrado. Não há mais espaço para meio-termo. A platéia merece saber até onde o melado vai escorrer.
Assim, não resta senão bradar, a plenos pulmões: fica, Sarney; resista, Sarney; não esmoreça, Sarney. Agarre-se a Renan, Sarney. Exija fidelidade de Lula, Sarney.
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