quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Sarney, o Ímpio

SARNEY O ÍMPIO

O senador José Sarney se esforçou a vida inteira para mostrar uma grande religiosidade e ser um católico praticante. Porém, na sua vida real, no seu cotidiano, o que faz é exatamente o contrário do que pretende mostrar.

Hoje é raro o dia em que a grande imprensa não o pegue tentando mentir e passar ao distinto público inverdades que variam desde a malandragem boba até a perversidade de tentar imputar a adversários coisas graves que não praticaram.

Os exemplos se contam em dezenas. Entretanto, em todas essas ações há por trás um objetivo a alcançar. Nada têm de simplórias, nem são - nunca foram, aliás - mentiras inocentes ou desprovidas de maldade.

São principalmente proferidas tentando dissimular alguma quebra de procedimento ético ou de decoro, alguma culpa ocasionada pela realização de algum delito ou quando tenta prejudicar alguém em seu favor.

Sobre isso, o jornal O Estado de São Paulo, no dia seguinte ao estudado discurso de aparência de humildade ao analisar os fatos, que o próprio Sarney citou em sua defesa, mostrou que este havia mentido em tudo que falou. Era tudo mentira, algumas de tal modo grosseiras, que só risos causaram. Não sei, não vi, não conheço, não foi eu. Ridículo!

No outro dia voltou para tentar contestar parte do que dissera no dia anterior e tentou confundir a opinião pública, fazendo confusão sobre “Rodrigos”, querendo convencer que o PSOL havia citado em sua representação ao Conselho de Ética, outro Rodrigo que não o seu afilhado, genro de Agaciel, de quem foi padrinho de casamento. Foi contestado na hora pelo senador José Nery, do PSOL, ao mostrar que em sua representação figurava o Rodrigo como genro de Agaciel, seu afilhado. Sarney tem que saber que na era da tecnologia, da internet, fica difícil mentir tanto. Triste.

No mesmo desastrado discurso, disse que o Ibope havia realizado pequisas sobre o seus escândalos e que só os membros das classes A e B eram contra e que as classes C e D não se importavam com o que acontecia.

Caros leitores, que demonstração de preconceito por parte do abastado Sarney!

Esse senhor pensa que as pessoas, por serem menos aquinhoadas financeiramente, se tornam alienadas. É o contrário, Sarney!

Uma pessoa, quanto mais luta pela vida de maneira honesta, maior será a sua repulsa a atos moralmente indefensáveis e perniciosos dos poderosos...

A mentira de Sarney – a deslavada invenção de uma história - foi prontamente desmentida pelo dono do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, em telefonema a Lúcia Hippólito, cientista política, comunicando a todos que “há cinco anos não fala com Sarney, que o instituto não fez pesquisa sobre o assunto e que pensa exatamente o contrário do que este falou”. Vejam quanta inconsequência!

Ele, Sarney, está querendo evitar uma defesa impossível de seus malefícios, dizendo que é vítima de uma conspiração da imprensa. Chora o tempo todo, alegando ser a vítima e não o malfeitor. E nessa linha tentou mostrar como a imprensa agia de maneira irresponsável e violenta contra ele.

Vejamos o nebuloso caso da venda de sua propriedade, o Sítio do Pericumã, negócio enroladíssimo, em que as terras não possuem titularidade, com terra pública incluída no meio, com venda póstuma de terra pelo proprietário, usucapião em terra negociada recentemente e que acabou levando uma juíza a impedir o registro do loteamento por absoluta impossibilidade de provar que José Sarney era dono, além de falta de pagamento de impostos durante anos). Uma verdadeira lambança.

No momento em que foi tratar do assunto em tribuna, transformou-se num verdadeiro ator dramático, tentando passar a todos uma idéia falsa de que um repórter, ao investigar o caso, agiu com má-fé tão grande que, ao entrevistar um dos sócios do empreendimento, já chegou gritando, ameaçando e aproveitando-se da ausência do sócio na sala para pegar a papelada e sair em disparada. Com isso, Sarney tentava evidenciar a baixeza da ação da imprensa.

Naturalmente, nessa mesma ocasião, Sarney vestiu mais uma vez o figurino do homem bonzinho e disse, magnânimo, que não iria dizer o nome do repórter para não prejudicá-lo e tampouco o nome da revista. Informou, contudo, que tinha o DVD e quem tivesse curiosidade era só procurá-lo que ele mostraria tudo.

Domingo veio a verdade desmoralizante para Sarney. A revista Época publicou o material e disponibilizou o vídeo citado por Sarney, em que o repórter, depois de atendido, saiu calmamente acompanhado pelo empresário. Sem roubar e correr como disse o presidente do Senado. E para completar, logo depois que saiu, o outro sócio liga para outros envolvidos, instigando-os a mentir e ensinando-os a fazer quando o repórter estivesse com eles.

Será que é normal o comportamento do senador? Onde está o decoro?

Citei esses mentiras recentes para demonstrar como Sarney age. E quando resolve prejudicar adversários, como no caso Reis Pacheco ,de triste memória para os maranhenses, em que inventou mortes, imputando-as ao senador Cafeteira, à época seu adversário?

Chegou ao cúmulo de ir em comitiva ao Ministro da justiça dar parte do caso. Tentava anular o favoritismo de Cafeteira, que ameaçava derrotar sua filha Roseana. Por ela é capaz de tudo, como faz sempre...

Sarney não mede esforços em fazer mal às instituições e à qualquer pessoa, desde que tenha um motivo para isso. Nada o detém, não tem limites.

E o que mais impressiona é que às vezes vai à igreja, se aproxima de sacerdotes, faz doações, tudo para ser reconhecido como um homem de bem, religioso, incapaz de fazer mal a uma mosca.

Segundo o dicionário Caldas Aulete, a palavra ímpio, usada no título deste artigo para qualificar José Sarney, significa: “que não tem fé, que demonstra impiedade, malévolo, perverso”. Nada mais adequado.

Sim, porque um bom cristão deve seguir os dez mandamentos. No caso em tela, sobressaem os preceitos “não adulterarás” e “não darás falso testemunho contra o teu próximo”, entre outros que não transcreverei... Com isso, fica fácil concluir a impietude do senador. Pode analisar! Parece adorar, ao invés de Deus, um virtual bezerro de ouro, simbolismo do materialismo mais desenfreado.

A Folha de São Paulo publicou domingo uma matéria bombástica. Entrevistou Lina Maria Vieira, a ex-Secretária da Receita Federal, demitida recentemente. Na matéria, Vieira diz que, no final de 2008, Dilma Rousseff pediu-lhe que a investigação sobre as empresas da família Sarney fosse concluída rapidamente. Lina interpretou como se fosse um pedido para concluir rapidamente a investigação, o que se recusou a fazer. Depois foi demitida. Dilma nega a acusação.

Sarney, com suas necessidades, cria grandes problemas para todo mundo. É por isso que não pode sair. Desmoraliza-se e desmoraliza os que o cercam.

Do jeito que vai, poderá continuar a ser um desmoralizado Presidente do Senado, mas não escapará da excomunhão…

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