quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Devaneios e Apagões

O ministro Edson Lobão acabou por mostrar ao país seu total desconhecimento do setor que dirige. No episódio do apagão que deixou às escuras 18 estados brasileiros na última terça-feira (dia 10/11), foi pego subitamente e nada pôde fazer. Sem a preparação adequada, face ao seu notório desconhecimento do setor elétrico, começou a dar entrevistas desconexas tentando até mesmo encerrar a discussão sem investigação das causas reais de uma falha que privou mais de setenta milhões de brasileiros de energia elétrica. Isso sem falar que em dois casos estados inteiros sofreram as conseqüências do blecaute: Rio de Janeiro e São Paulo, as duas unidades federadas tidas como lideranças formadoras de opinião no Brasil. Lobão pensou que levaria tudo e todos na conversa, alegando que fenômenos climáticos como ventos e descargas elétricas atmosféricas haviam causado o problema. O céu era o culpado.

No entanto, um diretor do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), exatamente o responsável pelo setor de monitoramento das condições climáticas, declarou no dia seguinte ao apagão, munido de mapa de precipitação de raios, que nenhum havia caído nas linhas. E disse mais: considerando a hipótese das linhas terem sido atingidas, a potência do impacto da descarga causadora do estrago teria que ter sido algo por volta de 80 mil ampères. Entretanto, os raios, conforme explicou o diretor, geram descargas que vão de 10 mil a 15 mil ampères. Cinco a oito vezes menos do que o necessário para apagar o país, como quis Lobão. O Ministro, por óbvio, partiu então para cima do técnico, dizendo-lhe não estava autorizado a falar pelo setor elétrico, o que este efetivamente não fizera. Falou apenas daquilo que lhe compete analisar. Mesmo assim, como era de se esperar, tirou-se o diretor de cena.

Lula, muito experiente, não entrou na de Lobão. Reclamou dos palpiteiros do governo e disse que o assunto não estava encerrado, o que só podia ocorrer quando o acontecido estivesse inteiramente esclarecido. Perfeito!

Os técnicos do setor elétrico afirmam que, seja não importa o que tenha acontecido com uma das linhas, ela deveria ter sido isolada imediatamente, evitando a queda de todo o sistema de Itaipu, como ocorreu. Só quando essa proteção for efetiva, poderemos dizer que o sistema está sob controle e o assunto encerrado. O resto são especulações e perda de tempo. O que fica claro é a falta de planejamento e de investimentos na “inteligência” do sistema elétrico brasileiro. Para isso só com gente competente...

Mas se é que se pode atribuir algum efeito positivo a esse grande transtorno que foi o recente apagão, pode-se dizer que foi o solavanco que possibilitou à imprensa correr em busca de informações sobre o aparelhamento do setor elétrico que, neste governo constitui feudo do senador José Sarney. Sendo assim, o que aí se observa é uma vasta e estratégica distribuição de cargos para amigos sem nenhuma experiência no setor e desqualificados por falta de formação técnica para exercer as funções em que foram investidos.

A Folha de São Paulo diz que Lula fica em pânico quando Lobão dá entrevista sobre o assunto. Quem mandou deixar o presidente do senado pintar e bordar no setor? Eu escrevi aqui que era inevitável o apagão do Sarney... E segundo o jornal O Globo, só em 2009 já são mais de 80(!) evidentemente menores do que o da semana passada.

Voltando para o nosso estado, parece que Roseana Sarney Murad está chamando os políticos para falar que está crescendo nas pesquisas. Quem conseguiu dar uma rápida olhada no papel, que ela evitava mostrar, saiu cético, pois o que viram foi apenas uma variação dentro da margem de erro e uma brutal rejeição, que continua. Porém, o que viram mesmo é que, conforme a pesquisa por ela contratada, quem cresceu mesmo foi Flávio Dino. Mas isso ela não fala. Prefere lançar arremedos de sedução aos prefeitos com promessas de gordos convênios. Milhões de promessas...

Onde falha a estratégia de Roseana? Nessa altura dos acontecimentos, são muito poucos os prefeitos populares em seus municípios. E, se 72% da população quer um nome novo, como se detectou em pesquisa do PSDB, como o prefeito irá convencer os eleitores a votar nela? Todos já a conhecem de sobra... Todos sabem do que é capaz, pois já a viram acabar com a Secretaria de Agricultura, com a de Ciência e Tecnologia, Indústria e Comércio, Fapema, Meio Ambiente, Esportes, DER etc. Isso sem comentar o brutalidade que fez com a Educação no estado, deixando 159 municípios sem ensino médio. É essa a guerreira? Só se for para guerrear contra o Maranhão...

Aliás, falam que se ela ganhar, Jorge Murad - marido e mentor - deverá voltar para tomar conta do pedaço e botar ordem na casa. Agora não, porque a rejeição já é enorme. E haja malabarismos para esconder as verdadeiras intenções da oligarquia.

O pavor maior do grupo é em relação a Flávio Dino e a “novidade” que ele representa. Primeiro espalharam que seria aliado dela e da família e que seria parte da sua chapa como candidato a senador junto com Lobão. Não bastasse isso, apregoam em seu jornalão que eu aprisionei o Flávio em um compromisso, contrariando sua própria vontade, para disputar o governo, porque eu preciso de um palanque forte para minha candidatura ao senado. Ora, vejam como se iludem... Vejam se isto não mais uma invencionice estapafúrdia do clã e agregados! Sim, porque sendo Flávio Dino vitorioso em tudo o que fez e faz, eleito pelo terceiro ano consecutivo entre os quatro melhores deputados brasileiros, vitorioso na sua carreira como advogado e juiz respeitado, Secretário Geral do Conselho Nacional de Justiça, entre tantas vitórias, será que ele precisaria mesmo de alguém para lhe indicar caminhos na vida? Ele é candidato porque quer ser, porque sabe que 72% dos eleitores querem um nome novo capaz de quebrar a mesmice política do estado. Sabe que a vez é dele e que ele é a novidade na política do Maranhão, sem vínculos com tudo que está ligado ao passado de dominação, miséria e atraso do estado.

No que tange a mim, todos sabem que eu, então governador, poderia definir como quisesse a minha carreira política, mas, para vencê-los, abri mão de tudo, me expus, e fiquei sem nenhum mandato. Não foi isso o que aconteceu? Se necessário fosse, eu faria tudo novamente, porque não posso aceitar placidamente a derrocada do Maranhão, ao voltar para os braços do grupo que liquidou o estado e que hoje só passa ao país a pior mensagem possível: a mensagem de que Sarney, o homem cujo nome carrega a alcunha de ser praticamente um palavrão para os brasileiros, continuará a mandar no Maranhão.

Eles temem Flávio Dino, porque ele é a promessa definitiva de grandes mudanças no estado. Temem o novo. Temem-no por não poder atacá-lo, por não poderem criar uma imagem ruim dele. Aliás, o pior que puderam fazer com ele, fizeram-no nas eleições passadas para prefeito de São Luís: Chamaram-no de sarneysista!

Hoje há a certeza de que não haverá intervenção no PT, se o partido resolver apoiar Flávio Dino. Contudo, o não-apoio à candidatura de Roseana poderá deflagrar ainda um movimento para que haja uma candidatura do PT ao governo do estado, tentando prejudicar Flávio e o próprio partido. Sinceramente, não creio nisso, pois a alma do partido não é de submissão ao sarneísmo. Pelo andar da carruagem, Roseana deve é se preparar para enfrentar Jackson Lago, Flávio Dino e talvez Roberto Rocha.

Pesadelo terrível para quem não pode mais perder. Como vai ser?
Ainda sobre Roseana, eu já falei aqui algumas vezes que ela não respeitava ninguém, nem Ministério Público, tampouco a Justiça, por se crer acima de tudo e de todos. Agora, no entanto, parece que vai ter que respeitar, porque o Ministério Público entrou com ação para que ela retire imediatamente a propaganda em que tenta enganar a população com feitos que não são seus. Abram os olhos, Roseana e caterva. Nem todos se amedrontam com os expedientes que utilizam e a propaganda enganosa terá que sair do ar.

Agora vejam mais esta: o presidente da Câmara de Vereadores do município baiano de Ilhéus, Jailson Nascimento (PMN), abriu processo contra um blogueiro por tê-lo chamado de Sarney. O vereador, que porta um bigode parecido com o de José Sarney, pleiteia quase R$ 20 mil de indenização. Na petição, ele diz que ser chamado de Sarney abalou seriamente sua relação com todos, principalmente com os eleitores.

Tem razão Roseana em pedir que não a chamem por esse nome. Mas... No caso dela, será que adianta?

Meu abraço em Alice, Horácio e suas irmãs pela perda de um grande e saudoso amigo e político vencedor do sertão e de São Domingos, Chico do Horácio. Grande perda, um homem de bem e muito querido.

Um comentário:

kleitonmarinho disse...

governador! Esta pesquisa é mesmo real? Se for ela esta perdida. O Flavio Dino é o novo só que com práticas velhas. Humberto Coutinho que o diga.