segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Lula para Lobão: ‘No tempo da Dilma não tinha isso’

Lula coordenava uma reunião, em seu gabinete, no instante em que 18 Estados foram desligados da tomada na semana passada.

Discutia-se no encontro a repartição dos royalties das jazidas do pré-sal.

Um ajudante de ordens entrou na sala. Entregou ao presidente uma folha de papel.

Lula devorou o texto em silêncio. Depois, socializou o conteúdo aos presentes.

O presidente leu em voz alta o documento que informava sobre o breu. E a prosa mudou de rumo.

— Que porra é essa, Lobão?

O ministro Edison Lobão (Minas e Energia) não soube responder.

— Me dê um minutinho, presidente.

Lobão retirou-se da sala. Deixou atrás de si vários rostos circunspectos.

Entre eles os semblantes de dois governadores: Sérgio Cabral (RJ) e Paulo Hartung (ES).

Além da dupla, testemunharam a cena líderes do Congresso.

Dilma Rousseff não estava. Mandara Erenice Guerra, a segunda da Casa Civil.

Decorridos menos de cinco minutos, Lobão retornou ao gabinete de Lula.

Informou que havia ocorrido problemas nas linhas de transmissão.

Situou a encrenca em cidades próximas a Itaipu, cujas turbinas se desligaram.

Atribuiu a escuridão, já nesse primeiro momento, a intempéries climáticas. E Lula, de bate-pronto:

– Não me venha com esse papo de clima. Não acredito nisso.

Lobão acrescentou que, antes de melhorar, a coisa iria piorar.

O blecaute chegaria ao Rio, disse. Cabral saltou da cadeira.

O governador pendurou-se ao telefone celular.

O ministro assegurou a Lula que a luz voltaria em, no máximo, quatro horas.

Depois de disparar um par de ligações, Cabral relatou a Lula as providências que adotara.

Contou que fizera contato com a Secretaria de Segurança Pública do Rio.

Determinara que a polícia fosse às ruas, para coibir a ação de criminosos.

De resto, conversara com o prefeito da capital carioca, Eduardo Paes.

Encarecera que também a guarda municipal fosse ao meio-fio.

Voltando-se para o ministro, Lula pespegou:

— Ô, Lobão, no tempo da Dilma não tinha isso.

Quem testemunhou a cena conta que Lula falou em timbre jocoso.

Algo que não impediu, nos dias seguintes, a troca de farpas entre petês e pemedebês.

A presidenciável do PT ocupou a pasta do ministro de Sarney entre 2003 e 2005.

Atribui-se a Dilma a reorganização do sistema elétrico na fase pós-apagão-FHC.

Antes de dar por encerrada a reunião, Lula dirigiu-se, de novo, a Lobão, dessa vez a sério.

— Vou pra casa dormir. Se a situação não se normalizar, quero que me telefone. Meu celular vai estar ligado.

O ministro tocou para o chefe pouco antes das duas da madrugada de quarta (11).

Reiterou a previsão. Ao amanhecer, o fornecimento de luz estaria integralmente normalizado.

E quanto às causas? Lobão repisou o lero-lero das chuvas, ventos e raios.

A semana terminou com uma ordem de Lula: quer pressa na apuração.

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