Sarney esperneou, reclamou, xingou, desqualificou, protestou, fez-se de vítima e, noves fora, não explicou coisa nenhuma! Afinal, senador, por que os apartamentos estão em nome da empreiteira?
Além de tudo o que o Estadão já publicou a respeito, Sarney poderia ter aproveitado a oportunidade para explicar esta nota da seção Painel, da Folha:
Dono da empreiteira que bancou apartamentos usados pela família Sarney em São Paulo, o empresário Rogério Frota de Araújo é o braço financeiro do PV do Maranhão. Filiado ao partido, já ensaiou voos na política via município de Imperatriz, base eleitoral do deputado verde e amigo Zequinha Sarney. As candidaturas, entretanto, não emplacaram porque dividiriam votos com outros aliados do clã. Depois das eleições de 2004, quando adiou mais uma vez o sonho de entrar para a política, Frota aproximou-se de Fernando, o outro filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Em quatro anos, ganhou leilões e multiplicou contratos no setor elétrico.
Não explicou isso também. Vocês já notaram que a vida de boa parte do políticos nunca se explica numa narrativa…, que adjetivo usarei?, LINEAR? Nunca! Estão sempre dizendo que aquilo que parece não é. Até aí, vá lá. Acontece que aquilo que ele dizem ser jamais coincide com o que parece. Aí já é uma ocorrência que desafia a ciência, né? Por que, com eles, as coisas se dão de modo diferente do que ocorre com toda gente? E, quando o assunto é Sarney, a coisa é mais diferente ainda.
Se um apartamento aparece no nosso nome da noite pro dia, vem a Receita do Dr. Cartaxo — aquele que não gosta de responder questões difíceis (ver abaixo) — e pimba! A menos, claro, que a gente tenha uma grande amiga lá em cima que zele por nós. Mas, vocês sabem, como somos pessoas comuns, isso não acontece.
Sarney, já disse Lula, não é um homem comum.
Imprensa
Coitada da imprensa! Virou a Geni do Brasil! E as pessoas que a atacam são sempre anjos de candura. Antigamente, quando surgia uma denúncia, dizia-se: “É coisa dos meus inimigos”. Em todo o mundo democrático, inimigos políticos tentam passar informações contra adversários. Isso só não acontece nas ditaduras, onde não há inimigos, só amigos. Todos amigos do poder. Os inimigos geralmente estão mortos. Mas, nas democracias, é corriqueiro.
A imprensa séria — e o Estadão é um jornal sério, ainda que, como todos nós, possa cometer seus erros, é evidente — não sai comprando o que lhe vendem. Antes, apura, busca ver se a coisa tem consistência. Mas que se note: os “inimigos” não são a única fonte de um jornalista, não. Só estou dizendo que essa antiga acusação ainda está no chamado escopo democrático.
A partir do mensalão, os bolivarianos do PT, aqueles poetas dos “recursos não-contabilizados”, da “moral paralela”, descobriram que não bastava acusar os “suspeitos de sempre”, como o policial corrupto de Casablanca. O negócio era atacar a imprensa. Assim, um jornal é golpista por isso; uma revista por causa daquilo; uma emissora de TV em razão de um outro assunto… Nem mais se ocupam em verificar qual é acusação.
Ora… Por que o Estadão estaria particularmente interessado em pegar no pé de Sarney? Com que propósito? E não custa observar: o jornal é alvo desta figura singular da política brasileira quando a cobertura de Brasília vive uma das fases mais felizes de sua história — como não pode deixar de ser reconhecido por ninguém que seja desta profissão. Não é assim porque eu quero. É assim porque é e porque a verdade está estampada nas páginas do jornal.
Campanha nazista? Ou Sarney não sabe o que é nazismo ou não sabe o que é jornalismo. O mais provável é que ignore as duas coisas.
A propósito, senador: por que os apartamentos estão em nome da empreiteira?
Link Original
Além de tudo o que o Estadão já publicou a respeito, Sarney poderia ter aproveitado a oportunidade para explicar esta nota da seção Painel, da Folha:
Dono da empreiteira que bancou apartamentos usados pela família Sarney em São Paulo, o empresário Rogério Frota de Araújo é o braço financeiro do PV do Maranhão. Filiado ao partido, já ensaiou voos na política via município de Imperatriz, base eleitoral do deputado verde e amigo Zequinha Sarney. As candidaturas, entretanto, não emplacaram porque dividiriam votos com outros aliados do clã. Depois das eleições de 2004, quando adiou mais uma vez o sonho de entrar para a política, Frota aproximou-se de Fernando, o outro filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Em quatro anos, ganhou leilões e multiplicou contratos no setor elétrico.
Não explicou isso também. Vocês já notaram que a vida de boa parte do políticos nunca se explica numa narrativa…, que adjetivo usarei?, LINEAR? Nunca! Estão sempre dizendo que aquilo que parece não é. Até aí, vá lá. Acontece que aquilo que ele dizem ser jamais coincide com o que parece. Aí já é uma ocorrência que desafia a ciência, né? Por que, com eles, as coisas se dão de modo diferente do que ocorre com toda gente? E, quando o assunto é Sarney, a coisa é mais diferente ainda.
Se um apartamento aparece no nosso nome da noite pro dia, vem a Receita do Dr. Cartaxo — aquele que não gosta de responder questões difíceis (ver abaixo) — e pimba! A menos, claro, que a gente tenha uma grande amiga lá em cima que zele por nós. Mas, vocês sabem, como somos pessoas comuns, isso não acontece.
Sarney, já disse Lula, não é um homem comum.
Imprensa
Coitada da imprensa! Virou a Geni do Brasil! E as pessoas que a atacam são sempre anjos de candura. Antigamente, quando surgia uma denúncia, dizia-se: “É coisa dos meus inimigos”. Em todo o mundo democrático, inimigos políticos tentam passar informações contra adversários. Isso só não acontece nas ditaduras, onde não há inimigos, só amigos. Todos amigos do poder. Os inimigos geralmente estão mortos. Mas, nas democracias, é corriqueiro.
A imprensa séria — e o Estadão é um jornal sério, ainda que, como todos nós, possa cometer seus erros, é evidente — não sai comprando o que lhe vendem. Antes, apura, busca ver se a coisa tem consistência. Mas que se note: os “inimigos” não são a única fonte de um jornalista, não. Só estou dizendo que essa antiga acusação ainda está no chamado escopo democrático.
A partir do mensalão, os bolivarianos do PT, aqueles poetas dos “recursos não-contabilizados”, da “moral paralela”, descobriram que não bastava acusar os “suspeitos de sempre”, como o policial corrupto de Casablanca. O negócio era atacar a imprensa. Assim, um jornal é golpista por isso; uma revista por causa daquilo; uma emissora de TV em razão de um outro assunto… Nem mais se ocupam em verificar qual é acusação.
Ora… Por que o Estadão estaria particularmente interessado em pegar no pé de Sarney? Com que propósito? E não custa observar: o jornal é alvo desta figura singular da política brasileira quando a cobertura de Brasília vive uma das fases mais felizes de sua história — como não pode deixar de ser reconhecido por ninguém que seja desta profissão. Não é assim porque eu quero. É assim porque é e porque a verdade está estampada nas páginas do jornal.
Campanha nazista? Ou Sarney não sabe o que é nazismo ou não sabe o que é jornalismo. O mais provável é que ignore as duas coisas.
A propósito, senador: por que os apartamentos estão em nome da empreiteira?
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