domingo, 9 de agosto de 2009

Um passeio pela Sarneylândia

Em apenas um dia, ÉPOCA encontrou 12 lugares em São Luís que levam o nome de alguém da família Sarney




Fonte: Revista Época On Line


O plenário da antiga sede da Assembleia Legislativa do Maranhão, no centro de São Luís, ostentava em suas paredes dois símbolos que contam muito sobre a história do Estado. De um lado, ficava um crucifixo, símbolo católico comum em repartições públicas brasileiras. No lado oposto, na mesma altura do crucifixo, havia um letreiro dourado com a frase “Não há democracia sem Parlamento livre”, assinada pelo senador José Sarney (PMDB-AP), ex-presidente da República e ex-governador do Maranhão.

Em novembro do ano passado, a Assembleia mudou de endereço. Trocou o antigo prédio da rua Egito por uma edificação maior, recém-construída num bairro distante do centro. Com a mudança, os deputados resolveram mexer na decoração do plenário. Sem alarde, optaram por não levar o crucifixo para o novo endereço, já que a presença da peça católica no local costumava render reclamações de ateus, evangélicos e pessoas sem religião. Dispensaram Jesus Cristo. No letreiro de Sarney, porém, ninguém ousou mexer. Sua frase foi reinstalada no novo plenário, exatamente como aparecia na antiga sede.

A presença do sobrenome Sarney em instituições públicas e privadas é comum no Maranhão. O campeão em homenagens é José Sarney, que virou até município. Presidente Sarney, no noroeste do Estado, tem cerca de 15 mil habitantes e Índice de Desenvolvimento Humano 0,555, patamar parecido com o de Gana, país africano que aparece na 135ª posição do ranking mundial. Roseana Sarney (filha), Marly Sarney (mulher), Sarney Filho (filho), Kiola Sarney (mãe), Sarney Costa (pai) e até Fernanda Sarney (neta) são alguns dos outros homenageados em ruas, travessas, escolas, edifícios, tribunais e vilas, na capital e no interior.

Há poucos dias, a governadora Roseana Sarney (PMDB) enviou um documento ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) solicitando a retirada de seu nome da fachada da instituição. A ordem chegou após duas decisões do Tribunal de Justiça do Maranhão determinando a remoção dos nomes de políticos vivos dos logradouros públicos do Estado. Desde 2002, quando foi inaugurado, o nome oficial do prédio do TCE é Palácio Governadora Roseana Sarney Murad. É lá que os técnicos e conselheiros devem analisar a legalidade das contas da administração da própria Roseana. Poucos dias antes do pedido, o nome de Roseana já havia sido retirado da fachada do prédio, mas ainda é possível ver a marca do letreiro antigo na parede.

Roseana divulgou que passou o mesmo tipo de recomendação aos seus secretários e aos prefeitos do interior. Ela não quer mais ver seu nome estampado em instituições públicas. Se a mesma regra for aplicada em todos os locais que ostentam o sobrenome Sarney, os maranhenses terão que gastar muita tinta. Num passeio de apenas um dia por São Luís, um dos 217 municípios do Estado, ÉPOCA encontrou 12 estabelecimentos e logradouros batizados com o nome de alguém da família.

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2 comentários:

Anônimo disse...

Senhor Ministro. Recomendo a leitura do site abaixo, o qual trata do ensino a distância, que é disponibilizado, contra pagamento de mensalidades dos alunos, em grande parte dos municípios do nosso estado, como também de outros do norte do Brasil. Acredito que dar tais mensalidades em garantia de financiamento para shopping center, é de um grande risco para os alunos e de todo o sistema. Merece uma reflexão mais profunda.
http://angelorigon.blogspot.com/2009/08/emprestimo-x-mensalidades.html#comment-form

Anônimo disse...

Acho que essa decisão de tirar os nomes de políticos vivos de prédios públicos é muito acertada e vejo que já está fazendo efeito. Tenho certeza que em pouco tempo tudo será regularizado.