quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Com Muita Sede ao Pote

Roseana Sarney não consegue aprender a se relacionar com a classe política. Talvez seja a insegurança de saber ser ilegítimo o seu mandato ou devido a arrogância natural de ter sido criada no meio do esplendor que o poder concede a quem se acostumou a ser obedecida sem discussão por todos os que gravitem em seu redor. Isso leva a grandes distorções, cuja principal é a falta de discernimento para separar o que é público do que é privado. E esse fato conduz a uma vida que não poderá mais existir sem esse poder, já que a falta dele modifica tremendamente o seu nível de vida.

Isso explica a ira incontida por todos aqueles que tiveram a ousadia suprema de enfrentá-la e, pior, derrotá-la em uma eleição como a de 2006. Ou ainda, de contrariá-la fortemente. Passam a ser considerados inimigos e assim tratados daí para frente. Assim, toda a “desforra” é permitida e aceita. Se puder, Roseana Sarney arruinará fatalmente a reputação dos insensatos.

Dessa maneira, é muito difícil para ela se relacionar de igual para igual com políticos como vereadores, prefeitos, deputados. A governadora não demonstra a menor consideração por eles. Arrogante, ela os trata de cima para baixo. É como foi acostumada, assim fez a vida inteira sob a cobertura paterna. Os políticos estranham esse tratamento de superior para inferior. Ao não confiar em ninguém, tenta submetê-los aos seus desejos e usa de tudo nesse intento.

Quem está respondendo a processos no Tribunal de Contas ou tem contas a ajustar com a justiça comum ou eleitoral ouve que precisa ter cuidado com esses processos, que pode perder o mandato, ou ficar inelegível etc. Como ela conseguiu até tirar do cargo o governador legitimamente eleito por quase 1,4 milhão de eleitores, os prefeitos ou deputados preferem não pagar para ver e terminam por fazer acordos que nem sempre são cumpridos.

Outros são atraídos por recursos que poderão ser repassados para fazer obras em seu município ou outras promessas de ajuda. Ela não vem cumprindo a sua parte no pacto, atrasando sempre a entrega do combinado e isso causa irritação nos políticos. Esse é também um jogo sem garantias e, não raro, muitos rompem o acordo quando se sentem mais seguros. E um cabo de guerra nesse ambiente pleno de ameaças...

Quando saiu a notícia que o presidente Lula nomeou pessoas que trabalham nas empresas do senador José Sarney como membros do Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão, o medo se alastrou. No tribunal, com a maioria nomeada por Sarney, incluindo parentes, o jogo das eleições deixa de ser democrático. Muitos pensam que o maior requisito para a nomeação para o TRE não é o currículo, nem a especialização em direito eleitoral, ou reputação à prova de ataques.

Hoje a maior credencial é ser amigo do peito do senador ou trabalhar com ele, ou então ser amigo ou parente da família. Toma lá, dá cá. Mas pouco se importam... No caso da mais recente nomeação, a do advogado José Carlos Souza e Silva para o TRE-MA, esta escandalizou a nação, pois ele ficou conhecido nacionalmente como o Presidente da Fundação José Sarney e como o advogado da Mirante, empresa dos Sarney. Terá isenção no tribunal? Os partidos e os políticos do Maranhão se calam, talvez receando retaliações, mas a reação nacional é dura. O outro nomeado também foi indicado pelo clã...

Assim, com um complexo de comunicações para amedrontar os mais afoitos e um poder desmedido no tribunal que vai dirigir as eleições de 2010, a candidatura de Roseana Sarney ao governo do estado só confirma o pendor da balança da justiça para um lado específico. Difícil haver isenção.

O senador José Sarney ficou muito zangado quando uma revista inglesa de renome mundial e reputação inquestionável o apontou como dono de uma personalidade e um comportamento feudal, típico do homem de um tempo em que esse personagem detinha o poder total esmagando todos que o contestassem. Essa revista escreveu que ele pertencia a um tempo que já se foi, mas que no Maranhão esse tempo não quer passar. E que o domínio de um poderoso complexo de comunicação era apenas para que ele tivesse o mais poderoso instrumento desses tempos para intimidar e dominar o ambiente do seu território de influência. A revista classificou-o de “coronel eletrônico”.

Aliás, ele mesmo confessou que só tinha esse aparato de mando para comandar a sua política. Vide os arquivos da Carta Capital.

O grande erro de Roseana Sarney Murad é não entender que o povo já se desligou desse atrelamento midiático aos Sarney de maneira progressiva e irreversível. Sarney hoje é dono de uma rejeição digna de monarcas em desgraça como ele. Cerca de 70% dos maranhenses não o suportam mais. “Isso não te pertence mais”, Senador - já diz um recente bordão humorístico nacional.

Ele sabe disso? Sabe. E muito bem. Tem plena consciência do fato, tanto que não participa de nenhuma solenidade do governo da filha no Maranhão. O conhecimento total do que Sarney protagonizou de ruim no Senado arrebentou coma sua biografia.

Esta claro o rápido amadurecimento da realidade política do Maranhão. Além disso, o povo, mesmo nos menores e mais pobres municípios do estado, mais propícios a manipulação política, já está se libertando e fazendo suas próprias escolhas políticas, principalmente para governador.
Roseana vai ter grandes surpresas, pois esse pleito já não será tão influenciado pela dita classe política, a não ser que eles estejam muito bem e com muito crédito com seus eleitores, o que não é a maioria.

E quando o povo escolhe, não tem jeito. Torna-se uma epidemia em favor do que for identificado como a solução para problemas cada vez mais insuportáveis.

Foi de uma ridiculeza atroz Roseana Sarney ter se deslocado, com grande e cara comitiva, para inaugurar em Timon a Pedra Fundamental de um Hospital. Desde o tempo de Odorico Paraguassú, prefeito de Sucupira, no impagável folhetim global, não víamos mais isso. Dizem que Roseana, marcada para chegar as 12 horas, chegou somente às 15, com os poucos arregimentados pela prefeita derretendo ao calor inclemente da cidade àquela hora. Não bastasse isso, dizem que esta chegou de cara amarrada, muito zangada, sabe-se lá com que... Deve ter sido uma viagem muito agradável e deve ter sobrado mal humor para quem estivesse por perto. Ossos do ofício... Soube que deixou péssima impressão na cidade além do vexame propagandístico da incrível pedra fundamental. Quem terá idealizado coisa tão moderna e eficiente? A foto que divulgaram é hilária: Roseana Murad cercada por secretários do governo batendo palmas para uma pedra!

Depois ficam dizendo que eu sou do contra. Também...

Um comentário:

cajuarte disse...

Não tenho dúvida que na próxima geração, não vai ter nehuma mãe e nem um pai que vai querer colocar em seu filho um nome como o de Roseana.
O senhor está cada vez mais afinado em seus artigos e comentários parabéns!!