Relatório da PF mostra que o presidente do Senado atuou pessoalmente para evitar que o filho fosse preso
Relatório da Polícia Federal a que o Estado teve acesso mostra que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), atuou pessoalmente para evitar que o filho, o empresário Fernando Sarney, fosse preso durante a Operação Boi Barrica, rebatizada de Operação Faktor. Esta matéria estava pronta há mais de um mês, mas só pôde ser publicada nesta terça-feira, 15, devido ao fim da censura imposta ao Estado.
Para a PF, Sarney teve informações privilegiadas sobre o andamento da investigação, que corria em segredo de justiça. O relatório mostra que os Sarney, que foram à Justiça para impedir o Estado de publicar informações sobre a operação, foram os primeiros a se beneficiar do vazamento de dados sigilosos do inquérito.
No documento, a polícia transcreve uma conversa do próprio senador Sarney com o filho. É o primeiro de uma sequência de diálogos que, segundo os investigadores, deixam claro que a família soube, com antecedência, da possibilidade de Fernando ser preso e ter seus endereços devassados em ação de busca e apreensão. O vazamento levou a PF a desistir da busca.
O relatório foi enviado em setembro de 2008 pelo delegado da operação, Márcio Adriano Anselmo, ao juiz encarregado do caso, Neian Milhomem Cruz, em atuação na 1ª Vara Federal Criminal de São Luís. Destinava-se, nas palavras do delegado, a comunicar "fatos graves ocorridos no decorrer da investigação em andamento, que denotam o claro vazamento de medidas impetradas por esta autoridade".
O vazamento se deu num momento importante da investigação. Um mês antes, em 20 de agosto, o delegado pedira ao juiz a prisão de Fernando Sarney, da mulher dele, Teresa Murad, e de outros investigados. Pedira, ainda, autorização para realizar uma operação de busca e apreensão nos endereços comerciais e residenciais do grupo. O delegado relata que, oito dias depois de protocolados os pedidos, tiveram início "condutas suspeitas por parte dos investigados".
Um telefonema de 3 de setembro de 2008, listado em um relatório da Polícia Federal ao qual o Estado teve acesso, ajuda a reforçar a tese de que a família Sarney se beneficiou do vazamento de dados da Operação Boi Barrica.
Nele, Fernando Sarney liga para sua secretária, em São Luís, para pedir que ela esvaziasse as gavetas de sua mesa. Esta matéria estava pronta há mais de um mês, mas só pôde ser publicada nesta terça-feira, 15, devido ao fim da censura imposta ao Estado.
"Eu queria que você fizesse o seguinte, tudo que está em cima da mesa. Tu deixa, eu quero que você pegue uma caixa, tire tudo que está nas gavetas, tudo, tudo, tudo, bota numa caixa e guarda contigo em algum lugar, tá? Quando eu chegar eu te digo o que fazer", orientou.
"Fernando ainda tenta justificar tal pedido como se fosse ocorrer uma troca de móveis ou uma limpeza", afirma o relatório da PF.
O delegado lista outros sinais do que, a seu ver, não deixa dúvidas sobre o vazamento, para Fernando Sarney, de informações sobre os pedidos de prisão e busca. Ainda no dia 3 de setembro, os investigadores interceptaram um e-mail enviado por Ana Clara Sarney, neta do presidente do Senado e filha de Fernando.
A mensagem informava os números de quatro procedimentos relacionados à investigação - todos corriam sob segredo. O e-mail de destino era j.sarney@uol.com.br.
Link Original
Relatório da Polícia Federal a que o Estado teve acesso mostra que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), atuou pessoalmente para evitar que o filho, o empresário Fernando Sarney, fosse preso durante a Operação Boi Barrica, rebatizada de Operação Faktor. Esta matéria estava pronta há mais de um mês, mas só pôde ser publicada nesta terça-feira, 15, devido ao fim da censura imposta ao Estado.
Para a PF, Sarney teve informações privilegiadas sobre o andamento da investigação, que corria em segredo de justiça. O relatório mostra que os Sarney, que foram à Justiça para impedir o Estado de publicar informações sobre a operação, foram os primeiros a se beneficiar do vazamento de dados sigilosos do inquérito.
No documento, a polícia transcreve uma conversa do próprio senador Sarney com o filho. É o primeiro de uma sequência de diálogos que, segundo os investigadores, deixam claro que a família soube, com antecedência, da possibilidade de Fernando ser preso e ter seus endereços devassados em ação de busca e apreensão. O vazamento levou a PF a desistir da busca.
O relatório foi enviado em setembro de 2008 pelo delegado da operação, Márcio Adriano Anselmo, ao juiz encarregado do caso, Neian Milhomem Cruz, em atuação na 1ª Vara Federal Criminal de São Luís. Destinava-se, nas palavras do delegado, a comunicar "fatos graves ocorridos no decorrer da investigação em andamento, que denotam o claro vazamento de medidas impetradas por esta autoridade".
O vazamento se deu num momento importante da investigação. Um mês antes, em 20 de agosto, o delegado pedira ao juiz a prisão de Fernando Sarney, da mulher dele, Teresa Murad, e de outros investigados. Pedira, ainda, autorização para realizar uma operação de busca e apreensão nos endereços comerciais e residenciais do grupo. O delegado relata que, oito dias depois de protocolados os pedidos, tiveram início "condutas suspeitas por parte dos investigados".
Um telefonema de 3 de setembro de 2008, listado em um relatório da Polícia Federal ao qual o Estado teve acesso, ajuda a reforçar a tese de que a família Sarney se beneficiou do vazamento de dados da Operação Boi Barrica.
Nele, Fernando Sarney liga para sua secretária, em São Luís, para pedir que ela esvaziasse as gavetas de sua mesa. Esta matéria estava pronta há mais de um mês, mas só pôde ser publicada nesta terça-feira, 15, devido ao fim da censura imposta ao Estado.
"Eu queria que você fizesse o seguinte, tudo que está em cima da mesa. Tu deixa, eu quero que você pegue uma caixa, tire tudo que está nas gavetas, tudo, tudo, tudo, bota numa caixa e guarda contigo em algum lugar, tá? Quando eu chegar eu te digo o que fazer", orientou.
"Fernando ainda tenta justificar tal pedido como se fosse ocorrer uma troca de móveis ou uma limpeza", afirma o relatório da PF.
O delegado lista outros sinais do que, a seu ver, não deixa dúvidas sobre o vazamento, para Fernando Sarney, de informações sobre os pedidos de prisão e busca. Ainda no dia 3 de setembro, os investigadores interceptaram um e-mail enviado por Ana Clara Sarney, neta do presidente do Senado e filha de Fernando.
A mensagem informava os números de quatro procedimentos relacionados à investigação - todos corriam sob segredo. O e-mail de destino era j.sarney@uol.com.br.
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