O que mais falta para que José Sarney (PMDB-AP) peça as contas e renuncie à presidência do Senado?
Ele disse que nomeou Agaciel Maia para o cargo de diretor-geral do Senado, mas que o manteve ali depois a pedido de colegas.
Deve ser verdade. Mas também é verdade que manteve Agaciel no cargo porque ele lhe fazia todas as vontades - e, sabe-se agora - as vontades do clã Sarney.
Disso dão conta os diálogos gravados pela Polícia Federal e publicados, hoje, pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Não faz sentido, pois, dividir com outros senadores a responsabilidade - ou culpa - pelo reinado de 15 anos de Agaciel. Ele, Sarney, é o principal responsável. Ou culpado.
Sarney disse que nunca ouvira falar em "atos secretos", e que eles não existiam.
Resta provado que os "atos secretos existiram", sim. E que alguns deles serviram para nomear parentes e afilhados políticos do senador. Uma verdadeira esbórnia.
Sarney, pois, mentiu. E não foi a única vez que mentiu.
Mentiu diante dos seus pares ao dizer que não tinha nenhuma ingerência administrativa sobre a Fundação José Sarney, encarregada de zelar por objetos e documentos do seu período como presidente da República.
Os estatutos da Fundação revelam que Sarney é seu presidente vitalício, presidente do Conselho Curador e com poderes para vetar qualquer decisão tomada ali dentro.
É ele que assina contratos pela fundação, ele que a representa diante de terceiros.
Mentir para seus pares é quebra de decoro parlamentar. É motivo mais do que suficiente para ser processado e perder o mandato.
A casa onde Sarney mora em Brasília foi palco de encontros do filho dele, o empresário Fernando Sarney, com diretores da Caixa Econômica e empresários interessados em fazer negócios com a Caixa.
Uma boa soma de dinheiro apareceu depois depositada na conta do filho.
O pai limitou-se a dizer que não tomou conhecimento dos encontros.
Basta ou ainda é preciso alinhavar outras razões que já teriam forçado a saída de cena de qualquer pessoa com um mínimo de decência?
Esse não parece ser o caso do senador Sarney.
Não foi para atender a uma convocação do partido que Sarney decidiu disputar pela terceira vez em 19 anos a presidência do Senado.
Ele tinha duas razões particulares para isso: usar a força do cargo para apressar a cassação do mandato do governador Jackson Lago, no Maranhão, e a volta ao governo de sua filha Roseana. E salvar seu filho Fernando de investigações da Polícia Federal.
Fernando é acusado de lavagem de dinheiro, desvio de recursos públicos, formação de quadrilha e intermediação de negócios sujos.
Lago foi cassado. Roseana governa o Maranhão outra vez. Fernando está cada vez mais encrencado.
Sarney fez um governo desastroso quando presidiu o país. Mas saiu do Palácio do Planalto com a justa fama de ter contribuído para a transição entre a ditadura e a democracia.
Passou a ser tratado com respeito. Até que... Até que pôs tudo a perder.
Deve ser verdade. Mas também é verdade que manteve Agaciel no cargo porque ele lhe fazia todas as vontades - e, sabe-se agora - as vontades do clã Sarney.
Disso dão conta os diálogos gravados pela Polícia Federal e publicados, hoje, pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Não faz sentido, pois, dividir com outros senadores a responsabilidade - ou culpa - pelo reinado de 15 anos de Agaciel. Ele, Sarney, é o principal responsável. Ou culpado.
Sarney disse que nunca ouvira falar em "atos secretos", e que eles não existiam.
Resta provado que os "atos secretos existiram", sim. E que alguns deles serviram para nomear parentes e afilhados políticos do senador. Uma verdadeira esbórnia.
Sarney, pois, mentiu. E não foi a única vez que mentiu.
Mentiu diante dos seus pares ao dizer que não tinha nenhuma ingerência administrativa sobre a Fundação José Sarney, encarregada de zelar por objetos e documentos do seu período como presidente da República.
Os estatutos da Fundação revelam que Sarney é seu presidente vitalício, presidente do Conselho Curador e com poderes para vetar qualquer decisão tomada ali dentro.
É ele que assina contratos pela fundação, ele que a representa diante de terceiros.
Mentir para seus pares é quebra de decoro parlamentar. É motivo mais do que suficiente para ser processado e perder o mandato.
A casa onde Sarney mora em Brasília foi palco de encontros do filho dele, o empresário Fernando Sarney, com diretores da Caixa Econômica e empresários interessados em fazer negócios com a Caixa.
Uma boa soma de dinheiro apareceu depois depositada na conta do filho.
O pai limitou-se a dizer que não tomou conhecimento dos encontros.
Basta ou ainda é preciso alinhavar outras razões que já teriam forçado a saída de cena de qualquer pessoa com um mínimo de decência?
Esse não parece ser o caso do senador Sarney.
Não foi para atender a uma convocação do partido que Sarney decidiu disputar pela terceira vez em 19 anos a presidência do Senado.
Ele tinha duas razões particulares para isso: usar a força do cargo para apressar a cassação do mandato do governador Jackson Lago, no Maranhão, e a volta ao governo de sua filha Roseana. E salvar seu filho Fernando de investigações da Polícia Federal.
Fernando é acusado de lavagem de dinheiro, desvio de recursos públicos, formação de quadrilha e intermediação de negócios sujos.
Lago foi cassado. Roseana governa o Maranhão outra vez. Fernando está cada vez mais encrencado.
Sarney fez um governo desastroso quando presidiu o país. Mas saiu do Palácio do Planalto com a justa fama de ter contribuído para a transição entre a ditadura e a democracia.
Passou a ser tratado com respeito. Até que... Até que pôs tudo a perder.
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