segunda-feira, 29 de junho de 2009

Sarney não deverá renunciar, diz historiador

Marco Antonio Villa, da UFSCar, avalia que presidente do Senado só deixa o cargo se isso ajudar Roseana.

Marco Antonio Villa, professor de história da Universidade Federal de São Carlos, escreveu em outubro de 2005 o artigo "A crise política e o coronelismo", na Folha. O texto gerou polêmica por conta das críticas a José Sarney (um dos filhos do senador enviou carta ao jornal respondendo ao historiador). Quatro anos depois, Villa diz que nada mudou em sua análise. Pelo contrário, a situação piorou: "É a pior crise na história do Senado republicano". Para o professor, a tendência é de que Sarney se mantenha no cargo, pois tem o apoio da maioria dos senadores. Villa diz que o presidente da Casa só deixará a cadeira se calcular que isso beneficiará as pretensões da família no Maranhão. 


FOLHA - Em 2005, o sr. escreveu um artigo que gerou polêmica pelas duras criticas a Sarney. Quatro anos depois, o que mudou na sua análise? 


MARCO ANTONIO VILLA - Infelizmente nada. José Sarney mantém hoje relações até mais extensas com o governo federal. O poder local, provincial, que ele tem, deve-se às relações estreitas com o governo federal. Só é um cacique tão poderoso porque controla as nomeações federais para o Maranhão, os recursos orçamentários. É um intermediário -na minha opinião perverso- entre o governo federal e o Maranhão. Sarney é o maior, o mais antigo dos oligarcas e o de maior êxito.

FOLHA - O que essa atual crise do Senado tem de peculiar? 


VILLA - É a maior crise do Senado republicano. O início de tudo foi a eleição da Mesa Diretora, mas ninguém imaginava que iria alcançar tamanhas proporções. Pela primeira vez ficou claro que o Senado era dirigido por funcionários que transformaram crimes em algo cotidiano, como se fossem atos normais. É algo muito grave.

FOLHA - Que consequências práticas a atual crise pode trazer? 


VILLA - O Ministério Público terá que atuar, porque foram cometidos crimes gravíssimos. Esse é um dos pontos centrais da grave crise ética que vivemos. Não é possível ter mais de 600 atos sigilosos e a Justiça não fazer nada. Os escândalos envolvendo Renan Calheiros em 2007 são coisas de criança se comparados aos deste ano.

FOLHA - Renan renunciou à presidência. Sarney pode renunciar? 


VILLA - A maioria do Senado não é contrária ao Sarney e tudo indica que não deva mudar de opinião porque tem práticas pouco republicanas e não acredita que a ação do Sarney seja algo negativo para a Casa. Ao contrário, acha isso natural. Os senadores (inclusive aqueles que se destacam pelo discurso da ética) foram coniventes com esses atos secretos. A grande maioria foi beneficiada. Isso explica a dificuldade do próprio Senado ter condição de se reformar. Agora, se as revelações continuarem, pode ser que o caminho seja a renúncia.

FOLHA - Por quê? 


VILLA - Sarney raciocina pensando nos interesses da sua família. Creio que o grande temor de renunciar à presidência do Senado é o de perder influência no governo federal e isso prejudicar os interesses da família. É esse raciocínio que ele vai utilizar para decidir se renuncia ou não. A saída só ocorrerá se ele perceber que a avalanche de denúncias chegou a tal ponto que coloca em risco o domínio da família no Maranhão e a eleição de Roseana ao governo estadual em 2010. Ele é um bom chefe de família, basta ver o número de familiares que empregou no Senado. Muitos senadores jogam com o esquecimento. Sarney bem que poderá dizer ao Renan: "Eu sou você amanhã". Renan usou a estratégia de se retirar dos holofotes e se deu bem. Antonio Carlos Magalhães renunciou ao mandato e voltou eleito senador.

FOLHA - O que o sr. achou da declaração de Sarney de que sofre ataques porque apoia Lula? 


VILLA - É uma estratégia porque ele precisa se manter próximo do presidente. O oligarca só tem poder na província porque tem forte poder central. Romper o poder coronelístico por dentro, na própria província, é tarefa quase impossível. Por isso torço para que o próximo presidente consiga destruir a fonte do poder dos oligarcas: as relações privilegiadas que o clã mantém com a União.
A questão central é que, hoje, Lula e Sarney são unha e carne, faces da mesma moeda. Por incrível que pareça, eles não se distinguem, o que é estranho pelas histórias tão distintas. A crise ética no Brasil chegou a tal ponto que não há mais distinção entre o Lula e o Sarney.


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2 comentários:

Anônimo disse...

Meu Governador,

A visão, que ora tenho, do atual cenário político maranhense faz-me acreditar, mais ainda na minha convicção de vê-lo de fato e de direito Governador do Estado do Maranhão.
É gritante, a sazonalidade dos nossos "resistentes".


Luis Tarso de Castro
luistarsodecastro@gmail.com
CADÊ A ILHA REBELDE?
Cadê Domingos Dutra ? Aquele dos sorteios!
Cadê Haroldo Saboia? Aquele que recepcionou José Sarney em Paris , depois de viver às custas do mesmo por um longo período na Cidade Luz!
Cadê aquele escoteiro que até hoje se vangloria de ter vencido Sarney aqui na Ilha? Será que virou Lobinho? De tanto andar atrás de Lobão?
Cadê Moacir Feitosa? Falou mal de Castelo até... virar seu secretario de Educação.
Cadê Aldionor? Ex Salgado, hoje, um doce de concordância com tudo aquilo que combatia.
Cadê aqueles parias que com certeza a única coisa que acertaram em sua rebeldia foi a autodenominação PARIAS, só escapando, e assim mesmo, fedendo, o atual rebelde sem causa Joaquim Haickel.
Cadê o preguiçoso e grevista Kleber Gomes?
Cadê Jakson Klepler Lago o pilar da resistência, que hoje esta mais difícil de ser alcançado em seu habit do que o caranguejo mais sagaz.
Cadê Marcio? Será que aproveitou o Jardim do seu nome para enfeitar sua sepultura.
Cadê Ceição Andrade? Que adorou a mão estendida de Roseana e dela não se desgrudou mais.
Cadê Luis Pedro? Que depois de ser escorraçado da famosa Casa do Calhau, tentou se esconder em Paço do Lumiar?
Cadê Zé Carlos Saboia? Cadê Celso Veras? Cadê Roberto Fernandes? Cadê, cadê, cadê a resistência meu Deus? Só nos resta acreditar no Dr. José Reinaldo, acreditar no Roberto Rocha, acreditar em Flavio Dino, será? Só se o mesmo deixar de freqüentar a famosa Casa do Calhau durante as madrugadas.
Dr. Jose Reinaldo estamos em suas mãos, por favor, olhai por nós que recorremos a vós.

Obs: O resto que não foi citado desculpe mais já era resto mesmo.

Anônimo disse...

Caro José Reinaldo,
Fiz um comentário recentemente,mas não o ví publicado...entendo porque.
Agora eu acho que se existe alguém que pode botar combustível nessa tentativa de derrubar o Sarney da presidência do senado: VOCÊ!
Participo de várias redes na net, e vejo pessoas de todo país prestando alguma ajuda (informação) e não vejo até agora nada do senhor.
Participe! não se restrinja apenas a reproduzir matérias publicadas.
Converso diariamente com muita gente nas ruas, afinal tenho uma pequena caminhada nestas ruas de São Luis em campanhas políticas (vereador) e pela manutenção da Prefeitura da capital em oposição ao Palácio do Leões. A rua acha que você tem "trunfos" tipo ás de ouro, e ainda não quis usar!?
Se for verdade, jogue-o na mesa! Ou avançe a dama em xequemate.